A instabilidade econômica e
política que o Brasil vive atualmente tem culminado em diversos aspectos
negativos para o País, dentre os quais chama a atenção a desvalorização da
moeda nacional no mercado externo. Para se ter uma ideia, segundo levantamento
realizado pela TOV Corretora, o real foi a segunda moeda que mais desvalorizou
no mundo, nos últimos 12 meses, tendo perdido 67,29% de sua força na comparação
com o dólar.
"A
situação vai caminhando dentro do que se poderia esperar de pior. A queda do
nível de atividades está se intensificando, as expectativas em relação ao
futuro retardam as decisões de gastos das famílias e das empresas, a queda da
atividade piora a arrecadação do governo e amplia o déficit público. Isso tudo
piora as expectativas", ressalta o economista-chefe da TOV Corretora,
Pedro Paulo Silveira. De acordo com o levantamento da empresa, só a moeda da
Rússia, com queda de 72,37%, ficou mais desvalorizada do que o real.
Reforçando
este cenário de desvalorização da moeda brasileira, nesta segunda-feira (21) o
dólar comercial voltou a operar em alta, fechando a R$ 3,9820. "O dólar
continua subindo e já está beirando os R$ 4,00 para o comercial e quase R$ 4,20
no turismo. É um poço sem fundo. A coisa fica ainda mais dramática se
considerarmos como elevadíssima a chance da Moody´s ou da Fitch rebaixarem a
nota de crédito do Brasil, seguindo a decisão recente da S&P. Com isso,
ainda mais investidores estrangeiros sairiam do País, desvalorizando mais o
real", diz Silveira.
Ranking de países
Além da
Rússia e do Brasil, outros países apresentaram desvalorização significativa em
suas respectivas moedas nos últimos 12 meses. Colômbia (51,4%), Turquia (34,1%)
e Malásia (32%), por exemplo, amargaram desvalorização de mais de 30% no
período. Outros destaques negativos foram: Noruega (29,1%); Nova Zelândia
(28,8%); México (25,9%); Austrália (25%); África do Sul (21,6%); Nigéria
(21,1%); Indonésia (20,3%); Suécia (16,6%) e Dinamarca (14,7%). Vale ressaltar
que o euro também desvalorizou 14,52% ante o dólar.
No caso
específico do Brasil, segundo a TOV Corretora, ao mesmo tempo que as
expectativas pioram, também pioram os preços praticados no mercado financeiro.
"Os juros explodiram e refletem as incertezas em relação ao futuro e isso
acaba por pressionar ainda mais as condições de crédito para as empresas e
famílias", conta Silveira.
Para o
economista, o Brasil está em um ponto em que o crédito está fazendo uma pressão
negativa sobre a economia real, o que aumenta a velocidade da queda na
atividade econômica. "A taxa de câmbio esperada deve continuar a subir. Se
os R$ 4,00 de hoje parecem muito, amanhã eles poderão ser até baratos",
conclui Silveira.
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