A cidade de Eusébio, na Região
Metropolitana de Fortaleza, foi considerada o município com menos de 50 mil
habitantes detentor do melhor padrão de vida no Brasil. A avaliação faz parte
do Anuário Melhores Cidades do Brasil, levantamento inédito realizado pela
consultoria americana Austin/Rating a pedido da Revista Isto é, que analisou
cerca de 500 indicadores nos mais de 5 mil municípios do País.
Segundo a
pesquisa, divulgada na última semana, a localidade alcançou o primeiro lugar no
que se refere à quantidade e à qualidade de bens e serviços disponíveis à
população.
A
publicação estudou municípios de pequeno, médio e grande portes, tendo por base
dados de fontes oficiais agrupados em quatro eixos: Social, Fiscal, Econômico e
digital. As cidades foram analisadas em 48 categorias. O quesito "Padrão
de Vida" está no eixo econômico, que inclui os itens "Mercado de
Trabalho" e "Comércio Exterior".
Eusébio
foi a única cidade do Estado e uma das únicas do Nordeste entre as primeiras
colocadas do anuário. Apenas Salgueiro, em Pernambuco, venceu em um dos
quesitos da premiação ("Aplicação em Saúde e Educação", entre as
localidades de médio porte). Além do padrão de vida, Eusébio também obteve
destaque nas categorias "Capacidade de arrecadação" (8º lugar),
"Execução de orçamento" (13º) e "Qualidade de vida" (21º),
todos referentes aos municípios de pequeno porte.
O
prefeito da cidade, José Arimateia Jr., que esteve na quinta-feira (17) em São
Paulo para receber o título, atribui o resultado às políticas públicas
desenvolvidas nos últimos anos e à gestão e aplicação dos recursos nas áreas de
maior demanda. "Enquanto é exigido o investimento de, pelo menos, 15% na
Saúde, nossa média tem sido de 25% a 27%. Na Educação, o mínimo é 25%, mas
sempre ficamos em torno de 27%, 28%. Com isso, conseguimos ter, pelo terceiro
ano consecutivo, a menor taxa de mortalidade infantil do País; todas as escolas
do município são de tempo integral e o transporte público é gratuito",
diz.
Na
visão da professora Clélia Lustosa, do Observatório das Metrópoles da
Universidade Federal do Ceará (UFC), outro fator a ser considerado é a
crescente instalação de indústrias e condomínios de luxo, que provocaram
mudanças socioeconômicas de impacto. "Essas novas opções de habitação e a
criação de fábricas na região aumentaram a arrecadação de impostos e geraram
empregos, fazendo com que a população consumisse mais e movimentasse a
economia. Com mais impostos, há mais recursos e o município tem como investir
melhor", explica.
Quem
mora lá, contudo, reconhece problemas que precisam ser superados. A falta de
segurança é queixa recorrente. "O policiamento aqui não é suficiente. É
uma cidade boa, mas antigamente era mais tranquila", conta a aposentada
Maria Josélia Lima.
Há
ainda quem aponte os relacionamentos entre os moradores como um dos pontos
positivos, como a aposentada Maria Célia. "Vejo muitos problemas, como a
segurança e falta de remédios no posto de saúde, mas as pessoas aqui são boas e
a vizinhança é muito amiga", ressalta.
Os
moradores reconhecem o crescimento. "É uma cidade que está crescendo
muito, com muitos condomínios, muitas fábricas e empregos. Ainda sinto falta de
oportunidades para quem está fazendo um curso superior, mas aqui tem vantagens.
Considero o acesso a saúde melhor do que em outros lugares. O custo de vida
também é baixo", afirma a universitária Zildênia Souza.
O
prefeito admite que determinadas áreas necessitam de maior investimento.
"Precisamos melhorar muito a infraestrutura e o saneamento básico. São
duas áreas de atuação que o município, por si só, não tem recursos suficientes
para aplicar. Mas já temos alguns projetos em andamento", diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário