Aumenta o número de famílias
na zona rural que dependem da água trazida pela operação do Exército Brasileiro
Quixadá. O
abastecimento hídrico de emergência por carros-pipas está sendo feito em 80
Municípios do Interior. Quase 500 mil pessoas são atendidas no Estado. A frota
de veículos soma 464 caminhões-pipas. Segundo coordenadores municipais da
Defesa Civil, a operação emergencial, coordenada pelo Exército Brasileiro,
estava paralisada havia praticamente um mês.
Agora, além dos veículos
cadastrados no programa, mais caminhões estão sendo cadastrados pela equipe da
10ª Região Militar. A expectativa da população rural é de ampliação da
assistência. Segundo representantes de Conselhos Municipais, o Ministério da
Integração liberou R$ 128 milhões. O valor equivale a 80% do montante
necessário para reativação do programa.
De acordo com o Comando da
10ª Região Militar, subordinado ao Comando Militar do Nordeste, os recursos
financeiros destinados à Operação Carro-Pipa no Ceará, recebidos a partir de 7
de maio passado, para 30 dias, correspondem a R$ 2,43 milhões. A Operação Carro
Pipa é contínua e está sendo executada pelo Exército Brasileiro desde 1998.
Eventualmente, o fornecimento da água é suspenso temporariamente por
solicitação do próprio município, falta do laudo de potabilidade do manancial ou
descontinuidade no fluxo de recursos do Governo Federal. As 10 cidades
cearenses com o maior número de veículos em circulação são Quixadá, com 37
carros; Morada Nova, com 30 carros; Tauá, 23 carros; Mombaça, 22 carros; Boa
Viagem, 18; Parambu com a mesma quantidade; Acopiara, Independência e Crateús,
com 15 veículos; e Pedra Branca e Jardim, com 12 carros em cada uma delas. Em
Icó, o abastecimento está suspenso, aguardando exame de potabilidade das fontes
hídricas.
Apesar de contar com o maior
número de carros- pipas, o fornecimento de água potável para consumo humano nas
comunidades afetadas pela seca em Quixadá somente não entrou em colapso porque
a Prefeitura garantiu o abastecimento com recursos próprios. O serviço custou
R$ 82,5 mil aos cofres do Município. Agora, a preocupação é com a ampliação do
atendimento.
Os dias vão passando e com
eles o problema vai se agravando na zona rural. Atualmente mais de 20 mil
habitantes rurais dependem dos carros-pipas. Em uma semana, pelo menos, outros
mil necessitarão do socorro federal, segundo alerta o secretário de Agricultura
Familiar e Desenvolvimento Rural de Quixadá, Nilson dos Santos. A água retirada
para o abastecimento das comunidades de Quixadá vem de dois grandes
reservatórios. Um deles está localizado no Assentamento Boa Vista, no distrito
de São João dos Queiroz. O outro está situado na comunidade de Marias Pretas,
no Distrito de Juá.
A situação só não é mais
grave porque o Departamento de Administração de Bens e Serviços Públicos
(Demasp) mantém abastecimento regular de água na sede dos distritos de
Califórnia, Juá I e II, São Bernardo, São João dos Queiroz, Dom Mauricio e
Custódio. Mais de cinco mil famílias moram nessas localidades.
A Companhia de Água e Esgoto
do Ceará (Cagece) se encarrega do abastecimento do maior Distrito de Juatama,
onde residem mais de mil famílias.
Cisternas
Mas quem não pode contar com
a água na torneira, depende da água das cisternas. Sem chuva, a salvação é o
carro-pipa mesmo. José Lucena de Sousa, 63 anos, morador da comunidade de Boa
Água, no distrito de Cipó dos Anjos, há mais de 40Km do Centro de Quixadá é um
deles. Divide o sofrimento com outras 59 famílias do assentamento.
O carro começa a abastecer
mas quando para é de repente. Pega todo mundo de surpresa. Nessas horas, um
poço profundo era a salvação. Todavia, a bomba quebrou e a coisa piorou de vez.
"Agora, esperamos não haver mais paralisação do abastecimento até o início
das chuvas do próximo inverno, se tiver", lamenta ele, com pessimismo. Não
bastassem essas dificuldades, alguns moradores, como o aposentado Paulo
Fernandes, 72 anos, reclama da falta de fiscalização. Segundo ele, muitas
pessoas estão usando a água distribuída para saciar a sede das pessoas na
lavagem de pratos e de roupas. Embora as cisternas de placa tenham capacidade
para 12 mil litros, a carga dos carros-pipas é de 7 mil. Só abastecem a cada 15
dias. Com o uso incorreto, a água acaba antes da chegada do próximo carro.
Alguns dão até para os animais. "Mas se é de alguém morrer de sede, que
morram os bichos", reclama.
A prática de mau uso da água
das cisternas também é denunciada noutros Municípios do Interior. Em
Quixeramobim também ainda existem casos, mas em relação ao ano passado
reduziram muito, explicou o coordenador do Comdec local, Marcos Machado.
Segundo ele, a solução foi realmente fiscalizar. Será intensificada este ano.
Apesar do Município não se encontrar ainda em situação tão crítica, em breve o
número de carros-pipas circulando pelas comunidades deverá dobrar. Atualmente
são 10 caminhões, segundo ele.
Mais informações:
Prefeitura Municipal de
Quixadá
(88) 3412.3864
Coordenação da Operação Pipa
no Ceará - 10ª Região Militar
(85) 3255.1673
ALEX PIMENTEL
COLABORADOR
Famílias dependem da
emergência
Canindé Neste Município,
cerca de 27 mil famílias dependem da presença do carro-pipa pelo menos uma vez
por semana. De acordo com a coordenadora Municipal da Defesa Civil de Canindé,
Célia Lobo, 18 carros estão percorrendo a zona rural para atender a demanda,
que aumenta a cada dia. "Estamos procurando deixar as famílias aliviadas e
conseguimos quatro açudes que estão abastecendo os moradores. Targinos,
Escuridão, Cabral e Sousa, que irão garantir água para as comunidades durante o
programa do Ministério da Integração Nacional, coordenado pelo Exército
Brasileiro´´, explicou ela. A demanda pelo abastecimento de emergência
aumenta a cada dia. Famílias aguardam nas filas à espera do carro-pipa na zona
rural de Canindé, onde quatro açudes
apresentam potabilidade para o serviço
Este ano, Canindé está mais
preparado para este tipo de problema. Para isso, foram firmadas as parcerias
com a Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos, Vigilância Sanitária e
Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE, a fim de garantir uma água de qualidade
transportada nas pipas.
Uma indicação do presidente
da Câmara Municipal de Canindé, Heitor de Paula Menezes, fez com que o SAAE
faça, gratuitamente, os exames de laboratório para a liberação da água que irá
chegar às cisternas dos agricultores pelos pipeiros.
"Estamos fazendo o
exame bacteriológico ainda no açude, para que possamos facilitar a vida dos
entregadores de água e ganharmos tempo´´, frisa Francisco Cordeiro, chefe de
laboratório do SAAE.
Somente ontem, foram feitas
oito análises nos quatro açudes que abastecem a zona rural de Canindé. O
coordenador da Vigilância Sanitária de Canindé, Francisco Robson Holanda,
acompanha todo o processo e os 7 mil litros de água só é liberado depois desses
procedimentos. "Isso é uma questão de saúde pública. Não podemos colocar
em risco a vida das famílias que já enfrentam vários tipos de problemas para
conseguirem água´´, explica.
Ele alerta para que as
pessoas não consumam água de pipas não cadastradas pelo Exército, porque isso
coloca em risco a vida de quem consome o líquido. "Nossa orientação nesse
sentido é para evitar a água que não passa por nenhuma fiscalização e nem tão
pouco por um rígido controle´´, frisou Robson.
Todos os meses serão feitos
exames nas pipas e nas cisternas do Município que recebem água. Segundo Célia
Lobo, essa sistemática tem como objetivo fiscalizar e garantir um controle mais
atuante.
O Prefeito de Canindé,
Cláudio Pessoa, que acompanha todo o processo disse que a ordem é cumprir todas
as exigências da Defesa Civil e do Exército Brasileiro. "Nesse momento de
dificuldades que passa o homem do campo, minha orientação é que facilitem todas
as exigências dos responsáveis pelo programa´´.
Cláudio Pessoa disse ainda
que se for necessário o aumento no número de carros-pipa, o Município vai estar
pronto para participar junto ao Ministério da Integração Nacional.
Cada família que fica nas
filas à espera do recursos tem direito a 40 litros de água. Muitas esperam
mesmo é por programas de convivência com a seca. As cisternas de placas, que
foram construídas para eliminar o serviço do pipa, dependem do abastecimento de
emergência, uma vez que as chuvas foram insuficientes para encher os
reservatórios.
ANTÔNIO CARLOS ALVES
COLABORADOR
Copilado do Diário do
Nordete
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