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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

2,35 mi no CE estão com nome negativado; negociar é saída

O número de inadimplentes no Ceará apresentou um leve recuo de 0,42% em junho de 2018, ante igual período do ano passado, indicam dados da Serasa Experian. No sexto mês desse ano, 2,35 milhões de pessoas estavam com o nome negativado no Estado, enquanto que, no sexto mês de 2017, o número registrado era de 2,36 milhões. Apesar do pequeno recuo, mantendo um quadro praticamente estável, o resultado registrado no Ceará vem na contramão do País, que passou dos 60,6 milhões de inadimplentes em junho de 2017 para 61,8 milhões em junho de 2018. O que levou o índice a crescer 1,98%.

O problema dos registros de negativação já entrou na pauta dos debates eleitorais. Além de comprometer a saúde financeira das empresas e paralelamente reduzir o poder de compra de famílias, está diretamente ligado à questão do desemprego, ainda forte em todo o Brasil.
"Muitas pessoas foram negativadas porque quando fizeram suas compras e empréstimos estavam devidamente empregadas, mas acabaram perdendo seus empregos. Nesse momento atual da economia, elas sentem dificuldades de engajamento no (mercado de) trabalho e de honrar suas dívidas", analisa o Superintendente da CDL de Fortaleza, Antônio Carlos.
Restrição no CPF
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta ainda que, para uma boa parcela dos consumidores do País, a conta entre os ganhos mensais e as despesas não fecha mais no fim do mês.
O número de pessoas com algum tipo de restrição no CPF cresceu 4,31% em julho comparado com o mesmo mês de 2017, somando 63,4 milhões de negativados em todo o Brasil.
No sexto mês desse ano, a região Nordeste foi a segunda a concentrar a maior quantidade de inadimplentes no País: 17,58 milhões, o que representa 43% da população adulta local.
O resultado ficou atrás somente do Sudeste, que fechou junho de 2018 com 26,96 milhões de inadimplentes, o que representa 41% da população adulta local. Antônio Carlos frisa que, nos últimos 12 meses encerrados em julho, o volume de inclusões de consumidores do Ceará no banco de dados do SPC Brasil aumentou 21,2% em relação a igual período anterior. Já as regularizações de quem pagou a dívida avançou apenas 5,3% em igual período. A principal faixa etária dos negativados é aquela vai de 30 a 39 anos (25,3%), com dívidas que variam de R$ 100 a R$ 500 (50,6%).
Efeito da crise
A diretora institucional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Cláudia Brilhante, explica o motivo deste número ser tão alto e continuar crescendo.
"O Brasil vem passando por uma crise muito grande que obrigou o consumidor a fazer uma série de mudanças em relação ao seus hábitos e esse processo não foi fácil, de forma que o salário recebido não dá mais para pagar todas as contas", afirma.
Cláudia acrescenta que aquela quantia que sobrava depois de pagar as obrigações não existe mais. "Muitas vezes a pessoa tem que escolher qual conta vai pagar aquele mês e qual vai ficar em aberto. Na maioria das vezes, não é nem que ela gaste muito com coisas mais supérfluas. É que o que elas ganham, em relação aos gastos essenciais, torna-se muito pouco. A conta não fecha mais". Para a diretora institucional da Fecomércio-CE, essa realidade só vai ser alterada com a geração de empregos e a movimentação do Governo para que haja uma redução dos juros do cartão de crédito.
Feirões
As tradicionais renegociações de dívidas e feirões limpa nome realizados em sua maioria no final do ano, segundo Cláudia, devem acontecer esse ano, em meados de outubro a dezembro, mas os órgãos de defesa do consumidor (Decon e Procon) e lojistas podem se procurados o ano inteiro para negociação das dívidas.
"O comércio, de uma forma geral, está disposto a ajudar o consumidor a pagar seus débitos para que ele volte a ter poder de compra o quanto antes, afinal, sobrevivemos disso. Quem tiver contas em atraso pode procurar as lojas e instituições que eles retiram multas e facilitam no que puderem".
Contas básicas
O levantamento da CNDL e do SPC Brasil revela ainda que o crescimento mais expressivo de inadimplência foi o das contas de serviços básicos, como água e luz, cuja alta registrada é de 7,66% na comparação anual, ou seja, entre julho do ano passado e este julho. Em seguida aparece o número de dívidas bancárias, incluindo cartão de crédito, cheque especial, empréstimos, financiamentos e seguros, que subiu 6,90%.
Para limpar o nome
Brilhante orienta que quem tiver dívidas em aberto priorize o pagamento das contas com cartão de crédito e bancos, que são aquelas com juros mais altos. Ela destaca que há cartões de crédito com juros de 400% ao mês. Ela alerta que o melhor é a pessoa ir até a instituição, negociar o valor e estabelecer parcelas fixas, em várias vezes se preciso. "É melhor dividir em muitas vezes de forma que o valor caiba no orçamento", destaca.

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Aperto
"Muitas vezes a pessoa tem que escolher qual conta vai pagar e qual vai ficar em aberto. A conta não fecha mais"
Cláudia Brilhante - Diretora institucional da Fecomércio-CE

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