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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Ceará tem 150 mil a menos inscritos no Enem

A menos de um mês da aplicação de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Estado do Ceará atesta a redução do número de inscritos para a avaliação. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2016, 515.601 pessoas efetuaram a inscrição no Estado, representando 5,6% do total no Brasil. Neste ano, foram 365.253 inscritos, 5,43% do total.

A Secretaria de Educação (Seduc) explica que houve um aumento nas inscrições do Enem em 2017 na rede pública estadual de ensino. Um total de 99,51% dos alunos do 3º ano do Ensino Médio se inscreveu no Exame, o que corresponde a 101.797 estudantes. Em 2016, foram 98% inscritos.
Fortalecimento
O órgão afirma que são desenvolvidas ações pedagógicas para o fortalecimento da preparação de educadores e alunos ao longo do Ensino Médio. A redução de mais de 150 mil participantes no Ceará é um reflexo da diminuição que afetou o Brasil. No ano passado, 8.627.195 pessoas se inscreveram para o Enem, enquanto, neste ano, foram 6.731.203, o que representa uma diferença de quase 2 milhões de pessoas.
Para Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, doutor em Psicologia e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7), há quatro explicações para a queda do número de inscritos. A primeira é que a participação no Enem não mais garante a entrega do certificado de conclusão do Ensino Médio. Muitos alunos se inscreviam unicamente por isso e, agora, não contam mais com tal motivação.
"O segundo fator é que existe hoje uma infestação de cursos oferecendo ensino à distância, que estão sendo divulgados pela mídia. O principal alvo são alunos de classes C e D. Isso tem feito com que algumas pessoas desistam do Enem pelo ensino a distância, a um preço acessível. Alguns desses cursos nem têm processo seletivo, requerendo apenas uma redação, como é permitido pelo MEC", explica o professor Marco Aurélio. Ele salienta que, no ensino a distância, ao contrário dos cursos presenciais, não há limite de vagas.
Outra explicação seria a crise econômica. Muitos desistem da possibilidade de ingressar no Ensino Superior para tentar oportunidades diretamente no mercado de trabalho. O professor Marco Aurélio descreveu uma última situação que acomete alguns estudantes brasileiros: "Existe uma descrença em relação à uma vida melhor tendo Ensino Superior. O jovem hoje sabe que essa lógica de que quem estuda muito tem melhor renda não é verdade. É uma desilusão com o Ensino Superior".
Os transexuais que desejarem ser reconhecidos pela identidade de gênero para realizar as provas do Enem podem utilizar o nome social. Em 2016, 407 pessoas o fizeram, 7 destas no Estado do Ceará. Nesse ano, porém, o número de pessoas caiu para 303, sendo 13 do Ceará. "Do ano passado para cá, teve uma piora nos casos de violência contra mulheres e homossexuais. As pessoas temem usar o nome social com medo de serem vítimas de preconceito ao entrar no concurso e na universidade", diz o professor Marco Aurélio.
(Colaborou Barbara Câmara)

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