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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Bandeira vermelha vai onerar mais a indústria

Ao pagar a conta de energia do próximo mês, que virá com o adicional da bandeira tarifária vermelha patamar 2, todos estão "no mesmo barco". O custo adicional de R$ 3,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos terá de ser bancado pelo consumidor e pelas empresas. Embora a tarifa acabe afetando a todos na contracorrente da retomada do crescimento econômico, ela terá um peso maior na planilha de custos de alguns segmentos da indústria que são mais intensivos em eletricidade, como os setores têxtil e de fabricação de gelo e de laticínios.

A análise é do consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis, Jurandir Picanço. Segundo ele, esses segmentos, que tendem a repassar o custo adicional ao consumidor, são minoria, "mas para a indústria, frágil como está, qualquer aumento de custo reduz a sua competitividade".
O valor da bandeira vermelha patamar 2 deve pesar menos para atividades como cerâmicas, que utilizam mais energia proveniente da queima de combustíveis. "Há algumas indústrias que talvez nem alterem as suas planilhas de custo, pois a participação da energia elétrica é muito pequena", argumenta.
Emergência
Picanço lembra que as bandeiras tarifárias, acionas quando se tem a necessidade de operar usinas térmicas mais caras para compensar a geração hidráulica inibida pela falta de chuvas, deveriam ser apenas emergenciais, mas acabaram se tornando corriqueiras. "A maior parte dos meses (desde que o sistema foi implementado, em 2015) ou tem bandeira vermelha ou amarela", argumenta ele.
O consultor de energia diz que essa situação demonstra a carência da matriz energética nacional por energias renováveis (solar e eólica), mas lembra que esse tipo de fonte é contratada como energia de reserva, para substituir a baixa produção das hidrelétricas quando elas passam por momentos críticos como o atual. "As projeções não identificavam que você poderia ter uma crise hidrológica tão grave como esta. Se estivesse tudo normal, você estaria pagando por essa energia de reserva sem ela ser utilizada", avalia.
Picanço, entretanto, defende que o "que já se pagou (com a energia das térmicas) daria para se ter implantado uma quantidade grande de parque de geração de energias renováveis".
Histórico
A bandeira vermelha patamar 2 foi acionada pela primeira vez neste mês. Em setembro, a bandeira tarifária das contas de luz foi a amarela, com taxa extra de R$ 2 para cada 100 kWh de energia consumidos. Também há a vermelha patamar 1 (R$ 3/100 kWh) e a verde, que não tem cobrança adicional.

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