Quixadá. O calor,
associado à pressão atmosférica, continuará provocando ventos fortes em todo o
Ceará até meados de novembro, quando começa a pré-estação chuvosa. Até lá a
velocidade das ventanias poderá chegar de 60 a 70 km/h no litoral, nos momentos
das rajadas. Esse fenômeno começou em agosto e agora em setembro se torna mais
frequente, principalmente no litoral leste do Estado, mas também atua nas
regiões do Interior, onde as rajadas atingem em média entre 30 a 32 km/h,
explica o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme), Raul Fritz.
Todavia,
quanto mais se afastam do litoral, as rajadas de ventos se tornam mais
arriscadas para a integridade física. Quando perceberem a formação dos ventos
atmosféricos, dos redemoinhos de poeira, provocados pela alta temperatura do
ar, podendo chegar aos 38°C, é melhor evitar a aproximação, ou se for atingido,
procurar se abrigar em local seguro. Apesar de bem menos intensas que os
ciclones extratropicais ocorridos no Sul do Brasil e os tornados, essas
rotações em forma de funil podem causar muitos danos.
O
meteorologista da Funceme ressalta que esses redemoinhos se formam geralmente
em áreas desertas, de solo nu, onde as temperaturas são mais elevadas. Quanto
mais descampado for o local, maior é a facilidade deles se formarem, no solo,
atingindo a camada atmosférica de baixa pressão, mais alta. Podem ser
observados através da poeira puxada do chão, formando uma espécie de funil.
Essa pode
ter sido a causa do desabamento da estrutura de uma quadra poliesportiva no
distrito de Campos Belos, na zona rural de Caridade, no Sertão de Canindé. O
vereador Orlando Victor havia alertado da necessidade de manutenção daquele
equipamento utilizado pela comunidade para a prática de esportes e lazer. Alguns
moradores e a Polícia Militar (PM) haviam informado que o desabamento ocorreu
logo após uma forte ventania. A administração municipal vai aguardar o
resultado da perícia técnica.
Noutro
município do Interior, General Sampaio, moradores da localidade de Fazenda
Pedras Pretas, a cerca de 10Km do Centro da cidade, estão preocupados com outra
quadra poliesportiva, inacabada. Ainda restam algumas telhas de alumínio sobre
a estrutura. Temem que algum vento forte arranque os painéis e atinjam os
estudantes da Escola de Ensino Fundamental Raimundo Lessa dos Santos, ou
moradores da vizinhança.
Dez anos
antes, no início de novembro de 2015, ventos com velocidade de 18 km/h
provocaram o desabamento da quadra poliesportiva da Escola de Ensino
Fundamental Padre Vicente Gonçalves , em Quixadá. A estrutura metálica e as
telhas ficaram destorcidas com a ação da natureza. No dia do fenômeno, um
redemoinho foi batizado pelos moradores de "Quixatrina", em
referência ao furacão "Katrina", ocorrido no fim de agosto daquele
ano nos Estados Unidos. A Funceme havia registrado correntes de ar com até 27
km/h em Fortaleza.
Em janeiro
de 2010, foi a vez da estrutura do parque esportivo do Liceu Estadual Alfredo
Almeida Machado desabar, em Quixeramobim. O acidente foi atribuído a chuva de
32mm, ocorrida naquele dia na região, associada a fortes ventos, mas a
estrutura metálica estava comprometida havia dois anos. Técnicos do Núcleo de
Engenharia da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) haviam detectado o
problema. A quadra estava interditada. Especialista em voo livre, o ex-piloto
Paulo Rocha confirma a ocorrência do fenômeno nesta época do ano, se estendendo
até novembro, quando os ventos fortes se enfraquecem. "Quanto mais seca e
mais quente a região, mas propícia é para a formação dessas correntes, e de
redemoinhos. Os riscos aumentam quando o piloto está sobrevoando áreas de
queimadas ou de incêndios florestais, onde o solo fica ainda mais quente".
Morte
Recentemente,
no dia 15 de agosto, um piloto português morreu durante um voo em Quixadá. O
problema ocorreu quando o parapente dele fechou, provavelmente em decorrência
de um vento circular forte conhecido como "rotor". O paraquedas
reserva não foi acionado e ele caiu, de uma altura aproximada de 300 metros.
A
recomendação para os pilotos menos experientes é decolarem somente nos fins das
tardes, quando as correntes estão mais suaves. Entretanto, enquanto o fenômeno
é ruim para decolagens e pousos, também favorece o deslocamento aéreo de longas
distâncias. Por esse motivo, esse período é o preferido por quem busca bater
recordes na categoria cross country.
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