O Ceará deve alcançar hoje a
marca dos 229 transplantes de medula óssea. Dos procedimentos realizados desde
2008, 220 foram autólogos - quando a medula transplantada é do próprio paciente
- e nove alogênicos - quando o tecido transplantado provém de outra pessoa. Do
total, 200 foram feitos pela equipe médica do Centro de Hemoterapia e
Hematologia do Ceará (Hemoce) no Hospital Universitário Walter Cantídio, da
Universidade Federal do Ceará (UFC). Hoje, estes profissionais devem realizar o
transplante de número 201, que será autólogo.
Embora
em menor número, a rede particular também faz transplantes do tipo. Entre 2013
e 2014, segundo o Hemoce, 20 procedimentos autólogos ocorreram no Hospital
Monte Klinikum e em 2014 e neste ano, oito no Hospital Unimed.
"Procedimentos
salvadores indicados para algumas doenças que afetam as células do
sangue", explica o chefe da Hematologia e Transplantes de Medula Óssea do
Hospital Universitário e coordenador do Banco de Sangue de Cordão Umbilical do
Hemoce, Fernando Barroso.
No
transplante, a medula doente ou deficitária é substituída por células de
medulas normais. A opção entre um tipo ou outro de transplante (autólogo ou
alogênico) varia conforme a doença apresentada pelo paciente, explica o médico.
"A
tendência é que se tenha o maior número de autólogos porque o número de
pacientes que pode fazer esse tipo de transplante é alto". Além disso,
Fernando informa que a taxa de rejeição nesse tipo específico de transplante é
"quase inexistente".
Segundo
o médico, nenhum dos transplantes autólogos realizados no Ceará nos últimos
sete anos tiveram rejeição. No caso dos alogênicos, ele afirma que infelizmente
"pode haver rejeição, e há casos que o indivíduo precisa e não encontra
doadores". Neste ano, até quarta-feira (12), juntas, as equipes do Hemoce
e do Hospital Universitário realizaram 35 transplantes de medula, sendo 30
autólogos e cinco alogênicos. Em 2014, foram 52 procedimentos ao todo.
Coleta
No
Estado, segundo o Hemoce, a primeira coleta de medula óssea para transplante
alogênico ocorreu em 2012. O material de um cearense foi enviado para a Itália.
Desde então, além deste país, medulas coletadas no Ceará seguem para os Estados
Unidos, Canadá, Holanda, Argentina e Portugal.
Atualmente,
o Estado tem 144.310 doadores de medula óssea cadastrados no banco de dados do
Hemoce e 424 no banco de sangue de cordão umbilical. Isto porque, além dos
procedimentos autólogos e alogênicos, o transplante também pode ser feito a
partir de células obtidas no sangue deste cordão. "Mães que se interessem
em doar podem entrar em contato com o Hemoce. Uma equipe faz contato antes do
parto e explica os critérios", garante Fernando.
Para
ampliar as chances de encontrar um doador compatível, há um banco mundial de
doadores, que tem registros de células-tronco hematopoiética - células que dão
origem ao sangue - em 58 países.
O banco
de doadores do Ceará também é integrado ao Registro Nacional de Doadores de
Medula Óssea (Redome) que, hoje, conta com cerca de 3,5 milhões de pessoas
cadastradas, o que confere ao Brasil o terceiro maior banco de dados do gênero
no mundo. O Ceará, segundo Fernando, é um dos estados mais desenvolvidos em
transplantes e a taxa de sobrevida dos pacientes é de 95,3%. A média mundial de
sobrevida é de 90%.
Porém,
para aumentar o êxito desses procedimentos, o médico garante que é necessário
ampliar o número de leitos de internação para a execução de transplantes. A
rede pública no Ceará conta apenas com dois leitos do tipo no Hospital
Universitário.
"Uma
unidade que está em construção dentro do Hospital Universitário aguardando
verbas do Ministério da Saúde deve ampliar para oito o número de leitos",
garante Fernando. A média de ocupação desses leitos é de 23 dias de internação,
segundo o hematologista. O procedimento de transplante é feito entre 30 e 40
minutos.
Campanha
No
próximo mês, o Movimento Doe de Coração, realizado pela Fundação Edson Queiroz,
que levanta a bandeira em favor da doação de órgãos e tecidos, chegará à 13º
edição, e vem contribuindo para o estímulo à doação voluntária no Ceará.
A
campanha realizada em hospitais, escolas, clínicas, no Sistema Verdes Mares, na
Universidade de Fortaleza (Unifor) busca sensibilizar a população para a
importância deste ato. Em 2008, a iniciativa foi reconhecida pela Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) com o Prêmio Amigo do Transplante.
Mais informações
Para se
cadastrar como doador, procure o Hemocentro por meio do telefone (85) 3101.2296
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