Segundo a comissão, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, há provas de assassinatos em massa
Londres. Em meio à negociação por um acordo que evite um ataque militar à Síria, um novo relatório da comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) que investiga crimes da guerra civil no país afirma que houve oito massacres - termo usado no documento - cometidos pelas forças do ditador Bashar al Assad e um pelos rebeldes.
Na Síria, mais de 600 mil pessoas na periferia rural de Damasco precisam de ajuda humanitária urgente, segundo o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU
FOTO: REUTERS
Segundo a comissão, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, há provas de assassinatos em massa, intencionais e com autores identificados. Em alguns deles, crianças estavam entre as vítimas.
O relatório foi produzido com base na visita feita pelo grupo entre 15 de maio e 5 de julho - ou seja, é anterior ao ataque com armas químicas de 21 de agosto, nos arredores de Damasco e não trata deste tema.
"Forças pró-governo e oposição estão envolvidas na tomada de reféns", diz o texto do relatório, que será debatido na Comissão. "Indivíduos estão sendo regularmente assassinados em violação ao direito internacional". Em comunicado, a comissão afirma que o conflito "tomou um rumo perigoso´ e defende que se busque um acordo político.
Uma opção militar, de acordo com a comissão, só aumentaria o "sofrimento" dos civis e nada contribuiria para mudar o cenário de guerra. O grupo diz também que é preciso estancar o envio de mais armas do exterior para as tropas de Bashar al Assad e para a oposição.
Patrimônio
A comissão de inquérito afirma que recebeu "alegações" do uso de armas químicas no país "predominantemente pelas forças do governo". Informa, porém, que não conseguiu descobrir os agentes químicos usados, nem o mecanismo para aplicá-los. Outra comissão da ONU esteve recentemente na Síria só para investigar o uso de armas químicas, mas ainda não divulgou resultado.
Além dos massacres, a comissão destaca danos causados a patrimônios culturais, como a fortaleza medieval Krak dos Cavaleiros, bombardeada em julho. O relatório afirma ainda que o regime tem cometido crimes contra jornalistas - ao menos 84 morreram desde 2011: "O governo, arbitrariamente, prende, detém e tortura jornalistas".
Divisão
Uma equipe de especialistas em armas acompanha o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, a Genebra, em sua reunião com o chanceler russo Serguei Lavrov, sobre o controle das armas químicas sírias, que será realizado hoje.
O objetivo do encontro é buscar uma solução para a divisão sobre como fazer a Síria renunciar a seu arsenal químico.
Ontem, a Rússia apresentou aos Estados Unidos seu projeto de supervisão internacional do arsenal químico da Síria. Enquanto isso, os parlamentares norte-americanos anunciaram que podem votar já na semana que vem a autorização para o uso da força militar na Síria, caso fracasse a busca por uma solução diplomática para a crise.
Ontem, Assad comemorou seus 48 anos depois de ter conseguido afastar a perspectiva de ataques ao seu país. Na Síria, mais de 600 mil pessoas na periferia rural de Damasco precisam de ajuda humanitária urgente, segundo o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha)
Copilado do Diário do Nordeste

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