Cachaças
compradas por R$ 5 a
R$ 10 em Salinas (norte de Minas Gerais) eram vendidas como se fossem de marcas
famosas por até R$ 1.000 em mercados de Belo Horizonte, Montes Claros, cidades
do sul da Bahia e na capital paulista.
A
polícia suspeita que o esquema era comandado havia pelo menos 3 anos por
Claudemiro Modesto da Silva, 50, preso em flagrante na última sexta-feira (10)
durante a "Operação Aguardente".
Na
casa de Claudemiro, em Salinas, a polícia encontrou cerca de 400 garrafas de
cachaças falsas (prontas para venda) e mais de 1000 rótulos das marcas
Indaiazinha, Havana, Canarinha, Nova Aliança e Anísio Santiago, as mais
sofisticadas do Brasil e produzidas na cidade mineira.
Segundo
a polícia, após comprar as cachaças baratas, Claudemiro colocava rótulos falsos,
supostamente fabricados em gráficas de Montes Claros e Belo Horizonte. Ele
vendia falsificações da marca Canarinha saíam por R$ 70 a R$ 80; já as da Havana,
por até R$ 400. Depois, ela era revendida por R$ 1.000 em casas especializadas
em cachaça - o mesmo valor da original.
O
delegado José Eduardo dos Santos, de Salinas, desconfia que Claudemiro atuava
junto com outras pessoas. "Na delegacia, ele [Claudemiro] preferiu ficar
calado", disse. Defensor de Claudemiro, o advogado Dairton dos Anjos não
foi localizado pela reportagem. A polícia chegou até o suspeito após denúncias
de fabricantes de cachaças. As investigações foram iniciadas há 8 meses.
Fabricante
da marca Canarinha, Eilton Santiago Soares, que tinha a informação que seu
produto estava sendo falsificado, disse que há 3 anos vem observando a venda de
cachaças falsas nos mercados centrais de Montes Claros e Belo Horizonte.
"Nesse tempo, tive prejuízo de uns R$ 80 mil", afirmou Soares.
"Já falei com ele [Claudemiro] várias vezes sobre as falsificações, mas
ele sempre negava, dizia que não tinha nada a ver, e a gente não podia fazer
muita coisa porque não tinha prova de que ele era o falsificador",
completou.
Outro
fabricante, Osvaldo Santiago, dono das marcas Havana e Anísio Santiago, disse
que amigos, por diversas vezes, compraram as falsificações em casas
especializadas de São Paulo e Minas Gerais. "Eles compravam e traziam pra
me mostrar", disse Santiago, sem estimar o prejuízo. Para combater as
falsificações, os fabricantes de cachaça de Salinas estudam implantar, a partir
de julho, um selo de indicação geográfica, que atesta que a cachaça foi
produzida em certo local.
A
colocação do selo nos rótulos foi autorizado ano passado pelo INPI (Instituto
Nacional de Propriedade Industrial), ligado ao Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. "O selo não é imune à falsificação, mas sem
dúvida dificultará em muito a ação de falsificadores", disse o presidente
da APACS (Associação de Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas), Nivaldo
Gonçalves das Neves.
Fonte:
Folhapress
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