No dia 1º de julho de 1994
era implantado o mais bem-sucedido plano de estabilização da economia do País.
Se você tem menos de 30 anos
de idade, provavelmente, não deve guardar na memória um período em que os
preços aumentavam mais de 1% ao dia. Nos supermercados, o barulhinho das
máquinas remarcadoras provocava uma corrida das donas-de-casa para estocar
produtos e corroía, da noite para o dia, o salário dos trabalhadores. Tempos
difíceis, de inflação galopante, na casa de mais de 1.000% ao ano.
Atualmente, o temido dragão
da inflação faz parte apenas do imaginário da população. O mérito por essa
vitória coube ao Plano Real, que hoje atinge a maioridade ao completar 18 anos,
data que marca ainda a troca da antiga moeda do País, o cruzeiro real, para o
real.
Não há como negar que a
iniciativa configurou-se como o mais bem-sucedido entre os planos de
estabilização da economia adotados no Brasil. Trata-se do mais longevo da
história do País nos últimos 40 anos. Ao contrário de seus antecessores, como
os planos Cruzado e Collor, o Real apresentou sustentabilidade e vida longa,
mesmo diante de fortes ataques especulativos, incertezas políticas e crises
econômicas externas pelo caminho. Ao longo de sua trajetória, independente do
governo que estivesse à frente do Palácio do Planalto, o combate à inflação foi
perseguido e a tão sonhada estabilidade monetária alcançada.
Fim de um ciclo
"Vamos lembrar sempre
que o Plano Real encerrou um ciclo de taxas de inflação elevadas, que travavam
o desenvolvimento socioeconômico do País, sobretudo pelo lado social",
destaca a economista Eloísa Bezerra. Foi, também, segundo ela, graças a ele,
que muitas pessoas passaram a ter acesso a bens e serviços, o que antes era
quase inviável. "Esse acesso veio por meio da estabilidade econômica, que
gerou melhoria de renda, mais oportunidade de emprego, dentre outros benefícios",
emenda a especialista.
Portanto, uma data, reforça
o também economista Lauro Chaves Neto, que deve ser comemorada a cada ano a
mais de estabilização econômica. "Afinal, essa conquista já tem a
participação de quatro presidentes da República: Itamar Franco, Fernando
Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva e, agora, Dilma Rousseff",
lembra.
Agora é possível planejar
Além de por um ponto final
na cultura de indexação, outro legado, destaca Lauro Neto, foi a recuperação da
capacidade de planejamento tanto para as empresas como para as famílias.
"A cultura de
indexação, onde a inflação passada é repassada automaticamente para os preços,
perpetua a inflação. Já a falta de condições mínimas de planejamento, em um
patamar de inflação mensal acima de 15% ou 20%, representava um gargalo para o
desenvolvimento das empresas e melhoria na qualidade de vida das
famílias", fala.
Sem contar, acrescenta
Eloísa Bezerra, as melhorias nas condições de crédito no País, o que ajudou a
impulsionar o mercado interno e garantir taxas de crescimento econômico maiores
para a nação.
Passadas quase duas décadas,
o Real, avaliado como um plano de estabilização monetária, obteve 100% de
sucesso. Entretanto, argumenta Lauro Neto, "a estabilidade não foi
suficiente para desencadear um processo de desenvolvimento do País". Ainda
existem muitos desafios a superar. Será preciso avançar na saúde, na educação e
na infraestrutura para colocar o Brasil nessa trajetória.
ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER
Copilado do Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário