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quarta-feira, 29 de julho de 2020

Associativismo entre produtores de mel impulsiona produção no Ceará

Uma experiência de 
associativismo entre apicultores na região do Baixo Jaguaribe para compras coletivas e venda de mel colheu bons frutos e passou a ser exemplo para produtores de outras regiões do Estado. A ação pioneira contou com a articulação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce).   

Inicialmente, a experiência foi implantada em Tabuleiro do Norte. A ideia era apoiar os apicultores para vencer os desafios e dificuldades do mercado em tempos de pandemia. O projeto uniu e organizou agricultores familiares ligados à apicultura para otimizar o armazenamento do mel produzido, fazer compras conjuntas de insumos e equipamentos, além da comercialização coletiva.

Após bons resultado em Tabuleiro, o projeto colaborativo chegou aos apicultores dos municípios de Alto Santo, Quixeré, Limoeiro do Norte, São João do Jaguaribe. Diante do bom cenário verificado em todas as cidades implantadas, o projeto extrapolou a fronteira do Ceará e foi desenvolvido também em Severiano Melo e Apodi, no Rio Grande do Norte.

Crescimento

Neste mês de julho, 150 apicultores adquiriram, em conjunto, 600 tambores para armazenar a produção. A união confere ao grupo preços mais baratos. Com o crescimento, o setor projeta um faturamento de cerca de R$ 1,6 milhão para a primeira safra de 2020.

Antônio Maia é apicultor em Limoeiro do Norte há oito anos e ressalta que a região do Vale do Baixo Jaguaribe vem a cada ano ampliando a produção. “Existem dificuldades, e se a gente estiver só, o desafio é maior”, observou.

Vejo que com a união a gente se fortalece para trocar ideias, comprar equipamentos e vender em bloco, buscando o melhor preço”.

Na safra deste ano, que deve ser concluída ao fim de agosto próximo, Maia pretende colher 800 quilos de mel, 20% a mais do que na safra anterior (2019). “O preço neste ano também melhorou e é quase o dobro do ano passado”.  

Outro fator que anima o setor é o aumento do preço do quilo do produto que em maio passado tinha cotação de R$ 4,50 e agora varia entre R$ 8 e R$ 9. Há um ano, o quilo do produto foi comercializado em média por R$ 6.

Engajamento

O presidente da Federação da Apicultura do Ceará (Face), Irineu Fonseca, ressaltou que o trabalho associativo é um bom caminho alternativo. “Estamos divulgando essa experiência para todos os apicultores. O setor precisa de organização, associativismo, qualidade, legalização e conhecimento técnico”, disse. .

O presidente da Ematerce, Antônio Amorim, destacou a iniciativa dos apicultores de Tabuleiro do Norte e frisou que projetos realizados por agricultores de base familiar a partir de um trabalho de assistência técnica da empresa vão além da apicultura.

Foi o Município que mais evoluiu nesses últimos anos de seca nos trabalhos realizados pela Ematerce. Houve aumento de produção de milho, banana, feijão, camarão e de mel de abelha”.

Amorim acrescenta que Tabuleiro do Norte tem sido o município mais organizado na produção e comercialização de mel de abelha com mercado direto para São Paulo. “Os apicultores têm uma dinâmica interessante para armazenar o produto em tambores”, explicou. “Eles se cooperaram para comprar os recipientes. Quem tem condições de encher mais de um comprou dois e quem só tem produção para a metade se uniu a outro”.

O resultado foi uma melhora de quase 30% na comercialização do produto. A alternativa encontrada em Tabuleiro do Norte foi uma busca por manter o mercado abastecido com um produto de qualidade, com preço justo e que mantenha aquecido o mercado para os agricultores familiares.

O sucesso da compra coletiva dos tambores foi tanto, que apicultores de outros municípios também formaram uma espécie de consórcio, para realizar a compra coletiva dos tambores, visando ao armazenamento e à comercialização do mel.

Safra

Depois de um período de longa estiagem entre 2012 e 2018, que provocou significativa queda na produção de mel de abelha no semiárido cearense, o Estado vive a expectativa de crescimento de cerca de 30% na atual safra em relação a 2019, que colheu 2.700 toneladas.

Os dados são da Federação da Apicultura do Ceará (Face) e da Câmara Setorial do Mel (CS Mel), vinculada à Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece). No campo, a colheita segue até outubro próximo e até o fim deste mês cerca de 80% devem estar concluídas no Ceará. 

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/regiao/associativismo-entre-produtores-de-mel-impulsiona-producao-no-ceara-1.2971552

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