A Diocese de Crato anunciou que a cerimônia de beatificação de Benigna Cardoso da Silva, a mártir Benigna, acontecerá no dia 21 de outubro, na Sé Catedral Nossa Senhora da Penha, no Crato. O dia marca a data em que a menina, que foi brutalmente assassinada aos 13 anos de idade, em 1941, foi batizada pela Igreja. A celebração será presidida pelo cardeal Giovanni Angelo Cardeal Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, que representará o Papa Francisco.
“Heroína da Castidade”, como é aclamada em Santana do Cariri, município onde nasceu e morreu, Benigna se tornará a primeira beata cearense. Ela foi morta a golpes de faca por seu vizinho, adolescente que a assediava e que tentou forçá-la a ter relações sexuais. O caso aconteceu no distrito de Inhumas, a dois quilômetros do centro da cidade, onde todo dia 25 de outubro, data em que foi morta, recebe milhares de pessoas em romaria.
Romaria
“Uma notícia muito boa e cheia de simbolismo. Esta é data que também celebramos o martírio de Santa Inês”, comemorou o bispo Dom Gilberto Pasta, titular da Diocese de Crato. Com a beatificação, o sacerdote acredita que as romarias devem crescer e, por isso, a Diocese já prevê ações para atender à nova demanda.
Há uma equipe da nossa Diocese que vai realizar semana de vivência, espiritualidade e história, recordando o testemunho desta menina”, completa.
Para Dom Gilberto, a beatificação significa “reconhecer suas virtudes cristãs, espirituais e humanas”, classificou. Agora, antecipa que Benigna também poderá estar nos altares das igrejas. “A gente agora tem uma nova intercessora”, reforça. Porém, a Diocese de Crato continuará trabalhando para que um dia ela possa ser reconhecida como “santa”, através da canonização.
O processo
A Diocese de Crato abriu o processo de Benigna em 2011 e, dois anos depois, foi aceito pelo Vaticano. Após o processo ser aprovado, ela foi aclamada “Serva de Deus”. Após comprovada as virtudes necessárias, foi proclamada “Venerável”.
A beatificação é o primeiro passo para a canonização, onde a Igreja reconhece oficialmente a fama e o testemunho de santidade de alguém que viveu e morreu heroicamente, marcado pelas virtudes cristãs.
Na fase inicial, os teólogos investigaram as virtudes e as circunstâncias da morte. A comprovação de um milagre, critério necessário para tonar-se beato, é dispensado em caso de martírio. No caso da menina, que foi assassinada por um adolescente que a assediava, os populares acreditam que “ela deu a vida para não cometer pecado”.
Além da extensa documentação que a equipe diocesana entregou na Sede da Igreja Católica, o Vaticano solicitou, em 2016, depoimentos de pessoas que viveram entre as décadas de 1940 a 1980, relatando graças alcançadas e consciência popular do martírio de Benigna.
Com a aprovação da Comissão dos Teólogos, a fase mais longa do processo, restou aos bispos discutirem a aprovação da beatificação da menina para, em seguida, encaminharem o processo ao Papa.
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