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sábado, 26 de outubro de 2019

Indústria do Ceará teme possível retirada do Brasil do Mercosul

Com a possibilidade do retorno da ex-presidente Cristina Kirchner à liderança do governo argentino como vice-presidente e a resistência do país vizinho em reduzir Tarifa Externa Comum (TEC) de produtos exportados, o Brasil ameaçou sair do bloco econômico Mercosul (integrado por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina). A possibilidade preocupa a indústria cearense, que tem na Argentina seu principal comprador dos calçados que aqui são produzidos.


De acordo com dados do Comex Stat (plataforma de dados sobre importações e exportações brasileiras), a balança comercial entre Ceará e Argentina está deficitária. Na prática, isso significa que o número de importações é superior ao de exportações. As estatísticas revelam que, de janeiro a setembro deste ano, foram importados pelo Ceará da Argentina US$ 148,4 milhões. Já as exportações cearenses rumo à Argentina registraram, nos primeiros nove meses do ano, US$ 67,6 milhões de dólares.

Para Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), caso aprovada, a decisão será estudada pelo Governo para que sejam avaliados os possíveis impactos. Ela pontua que o setor da indústria tem receio de prejuízos, já que a maioria das exportações brasileiras de produtos manufaturados e de intensidade tecnológica são destinados ao Mercosul. "No caso da saída, as exportações cearenses seriam impactadas, pois temos tarifas diferenciadas com os países do bloco. A equipe econômica do Governo Federal realizará uma avaliação do impacto de uma eventual saída do Brasil do Mercosul".
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chegou a afirmar, em viagem ao Japão, que pode solicitar a suspensão da Argentina para evitar que a revisão tarifária seja barrada. Para o Brasil, a redução tarifária em 80% de mais de 10 mil produtos do bloco significa levar adiante uma abertura comercial ampla dentro de quatro anos, sendo a indústria automobilística um setor duramente afetado.
Potência
Na opinião de Alcântara Macêdo, economista e consultor internacional, caso haja a retirada do Brasil do bloco econômico, a indústria irá se retrair e isso poderá causar impactos na cadeia produtiva, como o aumento do desemprego. "Com essa desconexão com as tarifas, as empresas vão desempregar porque irá diminuir o desempenho da indústria. Além disso, haverá a baixa nas importações brasileiras dos países do Mercosul, como é o caso da compra de trigo da Argentina. Passaremos a comprar mais essa matéria-prima do Canadá, que vende a um valor mais alto. Mas, temos como reverter isso porque temos setores fortes que se destacam no mercado".
Macêdo também acrescenta que o País tem capacidade para realizar novas parcerias comerciais com outros países, fora do eixo da América do Sul. "Toda ruptura tem consequências, mas somos a oitava potência do mundo, então podemos atrair outros países", comenta.

https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/negocios/industria-do-ceara-teme-possivel-retirada-do-brasil-do-mercosul-1.2166660

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