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terça-feira, 24 de julho de 2018

64% fizeram bicos para complementar a renda

As consequências da crise continuam afetando a vida da população brasileira. Um estudo realizado em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 64% dos consumidores do País recorreram a alguma forma de trabalho extra, os "bicos", para complementar a renda no primeiro semestre deste ano. Anteriormente, o dado apontava que 57% das pessoas haviam procurado formas auxiliares para o pagamento de gastos mensais. No entanto, nas classes C, D e E, a proporção salta para 70% dos entrevistados.

De acordo com o levantamento, 51% dos consumidores consultados acreditam que as condições gerais da economia pioraram ao longo de 2018 ante os seis primeiros meses de 2017 - o que configura um aumento de 12 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Quando avaliam a própria condição financeira, 44% garantem que houve piora em relação ao último ano, um aumento de oito pontos percentuais. Outros 34% falam em condições financeiras iguais, enquanto que 19% afirmam que a situação melhorou.
"A recuperação da economia ainda é bastante lenta e surte pouco efeito prático na realidade dos brasileiros. O momento mais crítico da crise ficou para trás, mas isso não significa que a vida das pessoas tenha melhorado substancialmente. A renda das famílias segue achatada e o consumo melhora a passos lentos porque o desemprego segue alto e a confiança abalada", explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Contenção
Com a redução da renda e da confiança na situação econômica nacional, muitos brasileiros tiveram um primeiro semestre marcado por dificuldades que exigiram sacrifício e capacidade de adaptação. Reflexo do cenário ainda complicado para as finanças, 83% dos brasileiros afirmaram que tiveram de fazer cortes no orçamento para driblar as consequências da crise ao longo deste ano.
Segundo a pesquisa do SPC Brasil e da CNDL, 61% cortaram ou reduziram refeições fora de casa, comportamento que se potencializou nas camadas de maior renda da população, com 74% de menções. Outros cortes comuns foram os relacionados a itens de vestuário, como roupas, calçados e acessórios (57%); além dos itens que não são considerados como de primeira necessidade em supermercados, como carnes nobres, congelados, iogurtes e bebidas (55%). Os gastos com lazer, como cinema e teatro foram mencionados por 53%. Há ainda 30% de entrevistados que, para conseguir algum dinheiro, tiveram de vender algum bem.
Inflação
Além do sentimento negativo em relação à economia brasileira, 77% dos entrevistados consideram que os preços continuam aumentando, ao mesmo tempo que 56% afirmam que as taxas de juros estão muito elevadas. Para completar, o pessimismo quanto à recuperação depois da crise fez com que 54% argumentassem enxergar poucas novas contratações no mercado de trabalho atualmente.
"O Brasil passou por uma das recessões mais longas da história. Mesmo com a inflação controlada, fica a impressão de que a economia está emperrada e isso só vai mudar quando o ritmo de crescimento se tornar mais vigoroso" explicou Kawauti.

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