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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Teste diagnostica dengue, zika e chikungunya em cinco horas

Um projeto científico desenvolvido no Ceará pode dar resposta ao desafio da saúde pública de diagnosticar, de forma ágil, as principais epidemias do País: dengue, chikungunya e zika. Com altos custos e demora para obter resultados, os testes utilizados hoje no Estado têm se tornado empecilho para o tratamento adequado dos infectados e o planejamento de ações de vigilância. Para superar a dificuldade, pesquisadores criaram kits capazes de analisar as três arboviroses ao mesmo tempo e determinar, em poucas horas, qual delas se manifesta nos pacientes.

O teste rápido é fruto do trabalho realizado há cerca de um ano pela empresa cearense Greenbean Biotecnologia e coordenado pela professora Izabel Guedes, da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Segundo ela, o projeto tem por base a produção, em laboratório, de proteínas recombinantes dos vírus das três doenças e de reagentes específicos para cada uma delas. Esses reagentes, ao entrarem em contato com o sangue de pessoas infectadas, apenas terão efeito sobre as proteínas da arbovirose pela qual o paciente foi acometido. O resultado, conforme explica a professora, pode ser obtido em até cinco horas.
Vantagens
O método apresenta duas vantagens em relação aos exames atuais. Hoje, para chegar ao diagnóstico preciso, são necessários testes diferentes para dengue, chikungunya e zika. Além disso, os resultados podem levar até 10 dias para serem obtidos.
"A grande dificuldade é a demora para o diagnóstico. Quando ocorre, ao mesmo tempo, uma multivirose em Fortaleza, os sintomas se confundem e o medico saber qual é o vírus que está infectando o paciente. Isso tudo dificulta a conduta médica e também a recuperação do paciente, porque o médico tem que esperar o resultado do teste", afirma Izabel.
"Ainda tem a questão da vigilância. Se você souber de antemão se está circulando mais zika, mais dengue ou mais chikungunya numa determinada região, a vigilância pode tomar medidas e traçar estratégias mais eficientes", completa.
Além da maior rapidez, a utilização dos testes desenvolvidos no Estado reduziria custos. Os kits atuais contem reagentes importados, o que aumenta o valor do material. "Esse alto custo dificulta fazer diagnósticos durante uma epidemia, então apostamos em testes mais baratos, que tenham condições de testar maior número de pacientes ao mesmo tempo e dar resultado rápido", destaca Izabel.
Disponibilização
A coordenadora do projeto explica que os testes ainda estão em fase de experimentação, mas já apresentam resultados promissores. No entanto, não é possível definir quando poderão ser fabricados em larga escola e disponibilizado no Estado. A expectativa da equipe é que isso aconteça até o próximo ano.
"Esperamos que os testes tenham o interesse da Secretaria da Saúde, mas ainda precisa passar pela parte burocrática das boas práticas de laboratório, confirmações, análises estatísticas e outros processos", diz.
O último boletim de arboviroses da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), datado de 1º de setembro, revelou que, neste ano, já foram confirmados 20.884 casos de dengue (12 óbitos), 82.017 de chikungunya (87 óbitos) e 483 de zika. De acordo com o órgão, a distribuição dos casos acontece por todas as faixas etárias, com maior incidência entre adultos jovens e pacientes do sexo feminino.

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