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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Capital lidera número de casos e de mortes por zika congênita

Dos 641notificações de zika congênita no Ceará - entre outubro de 2015, quando as ocorrências passaram a ser notificadas aos órgãos de saúde pública, e 31 de dezembro de 2016 -, 107 foram da Capital. Fortaleza também lidera em número de óbitos confirmados em decorrência da mal formação congênita, com nove dos 25 do Estado.
O balanço, divulgado ontem à noite pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), revela ainda dois pontos importantes: está havendo uma menor incidência da doença e há uma defasagem temporal grande para confirmações da doença. 

Conforme o boletim epidemiológico da microcefalia da semana 1 de 2017, durante o ano passado, foram notificados 409 casos, 23,5% (96) receberam a confirmação, 49,5% (202) são descartados e 27% (111) estão em investigação.
Já em 2015, de outubro a dezembro, foram 232 notificações, sendo que 24% (56) deram positivos para zika congênita, 58,5% (136) foram descartados e 17% (40) dos casos seguem em investigação. Para o neurogeneticista do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) e pesquisador da zika congênita, André Luiz Santos Pessoa, o indicativo é que tenhamos redução dos números.
"A primeira epidemia, em 2015, infectou muitas mulheres na idade fértil. Até o momento, como temos somente um sorotipo da zika, podemos dizer que temos ondas. Uma onda grande como em 2015. E ondas menores com casos pequenos. Mas a prevalência de crianças nascidas caiu bastante. Minha opinião é que não teremos exterminado", explicou ele, acrescentando que a Capital registra os maiores números em reflexo da grande incidência de casos de dengue, zika e chikungunya. No entanto, não descarta que possa haver também subnotificação em outros municípios do Interior.
Para o especialista, os desafios de 2017 são tentar fazer a sorologia dos pacientes estocados e confirmar a doença e melhorar assistência de saúde. O médico reconhece que há um esforço do Estado em atender às famílias vítimas dos surto da zika, no entanto, aponta falhas na estrutura de saúde como explicação para o alto número de mortes decorrentes da enfermidade.
O Ceará é o segundo estado com o maior número de óbitos confirmados, com 25, perdendo apenas para a Bahia, com 34, segundo o Ministério da Saúde. "A disfagia, dificuldade de deglutição, é bem comum nas crianças com zika congêntia. Se isso não é acompanhado para que se faça uma orientação em relação à alimentação, a criança corre risco grande de fazer bronco-aspiração e desenvolver pneumonia. É a grande causa da letalidade", explica ele, que levanta a bandeira de oferecer a reabilitação no Hias.
Dificuldade
Para a demora nas confirmações dos casos, André aponta a dificuldade do acesso aos kits para testes. "Não tivemos os kits que Recife teve. A Fiocruz é patrocinadora e deu os kits pra eles. Esses números podem mudar se conseguirmos fazer os testes sorológicos", aposta.
O próprio processo de confirmação modificou desde 2015. O neurocientista diz que há um padrão compatível para pacientes com zika congênita, mas que o exame sorológico é considerado confirmador da malformação. "Os casos prováveis são aqueles que temos certeza que são porque possuem clínica compatível, mas não tem a sorologia feita".
O Ministério da Saúde anunciou, em 2016, alteração no protocolo de diagnóstico e do cuidado de gestantes e bebês infectados com zika. Crianças com perímetro encefálico considerado normal podem ter o diagnóstico da zika congênita, se outras malformações forem detectadas.

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