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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Fortaleza é a 3ª capital do NE com mais crimes contra mulher

O primeiro relatório da pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher constatou que Fortaleza é a 3º capital nordestina no ranking de casos de violência doméstica. A capital cearense ficou atrás apenas de Salvador e Natal, respectivamente.
O trabalho é resultado de entrevistas feitas com 10 mil mulheres nos nove Estados do Nordeste, entre maio e junho de 2016.

 A pesquisa, considerada o maior estudo sobre o tema em toda a América Latina, é resultado de parceria entre Universidade Federal do Ceará (UFC), Instituto Maria da Penha e Instituto para Estudos Avançados de Toulouse (França). O estudo foi financiado pela Secretaria Especial de Políticas paras as Mulheres (Ministério da Justiça do Brasil) e empresas privadas. 
“Alguns dados eram esperados, mas outros foram surpreendentes. Entre eles, chamou atenção o dado de que 87% de mulheres que souberam de agressões sofridas pelas respectivas mães durante a infância também presenciaram o crime (viu e ouviu), as agressões físicas sofridas pela mãe. Ainda mais grave é o fato de que 10,5% das entrevistadas reportaram que seus respectivos parceiros ou ex-parceiros haviam sido agredidos pelo menos uma vez durante a infância por familiares (pais e outros familiares)”, destaca o coordenador da pesquisa, professor José Raimundo Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Economia (Caen) da UFC. 
O estudo mede três dimensões da violência contra mulher estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS): emocional, sexual e física. De acordo com os dados divulgados, a exposição à violência doméstica não se restringe somente à fase adulta em que a mulher possui um parceiro, mas pode ocorrer também muito cedo na vida. Por exemplo, a exposição direta ou indireta à violência domestica durante a infância. Neste caso, a violência pela mãe, a qual pode ser estendida à criança, configura-se na forma direta de exposição. A maneira indireta ocorre quando a criança testemunha as agressões físicas sofridas pela mãe, caracterizando-se numa forma de violência emocional. 
“A pesquisa destaca ainda que ex-parceiros podem ser tão ou mais violentos em fim de relacionamentos, geralmente encerrado pela mulher. O que mostra um espectro mais ampliado do atual quadro de violência contra a mulher. Considerando a violência emocional, observa-se que mais de 27% de todas as mulheres com idades entre 15 e 49 anos já foram vítimas de violência doméstica ao longo da vida”, afirma o professor José Raimundo Carvalho. 
Maria da Penha 
Maria da Penha Maia Fernandes, fundadora do Instituto Maria da Penha, entende que a pesquisa vem para consolidar a tese de “como é grandiosa a violência contra a mulher”. Ela diz que a lei 11.340/06, que está completando 10 anos, é conhecida por 98% das mulheres, segundo dados de pesquisa recente. 
Ela admite, no entanto, que somente a existência da lei não acaba com a violência contra a mulher e lamenta que em muitos municípios brasileiros ainda não existam os instrumentos capazes de viabilizar a legislação.
“Falta boa vontade do poder público. Há suspeitas de que, para cada mãe assassinada, surgem, pelo menos, dois órfãos vítimas desse crime, entre outros dados alarmantes. Esse é apenas um exemplo entre tantos que são consequência da violência doméstica que milhares de mulheres sofrem diariamente”. Para Maria da Penha, a cultura de violência contra a mulher só terá fim por meio da educação em todos os níveis de escolaridade.

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