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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Famílias ocupam mais de 600 casas do MCMV

Icó. As 648 unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida, nesta cidade, na região Centro-Sul do Ceará, foram ocupadas por famílias que esperavam há três anos pela entrega dos imóveis. Os invasores enfrentam a falta de água, energia elétrica e de serviços de conclusão das habitações, mas reafirmam que não vão abandonar as casas.

Os serviços de conclusão foram suspensos em meados de 2014. Durante esse período, as casas ficaram fechadas. No fim de julho passado, famílias começaram a ocupar os imóveis. As mudanças para as unidades continuam. Gente chegando de vários bairros da cidade em busca da casa própria, mesmo em condições precárias.
As casas formam dois conjuntos habitacionais - Nossa Senhora da Expectação e Senhor do Bonfim. No início de 2015, 96% dos serviços estavam concluídos, segundo a coordenação da Secretaria do Trabalho e Ação Social (STAS) do município. Faltavam trechos de pavimentação, obras de lazer, pintura em algumas casas, instalação de acessórios e algumas casas ainda estavam por ser construídas.
O coordenador da STAS, na época, esclareceu que a Prefeitura de Icó não tinha relação direta com o projeto, que fora encaminhado na gestão anterior e que a responsabilidade seria do setor de habitação do Banco do Brasil, financiador do projeto. Havia impasse entre o Banco e as empresas responsáveis pela construção das casas.
Decorrido esse período, sem nenhuma solução, as famílias cadastradas no programa cansaram de esperar pela entrega das casas e resolveram ocupá-las. "Aqui, a maioria faz parte do cadastro feito pela Prefeitura há mais de três anos", disse a dona de casa, Francisca Rodrigues. "A gente pagava um aluguel mensal de R$ 300 e não estava mais suportando", completou.
Aluguel
A motivação dos invasores é a dificuldade de pagamento de aluguel. Dona Francisca Rodrigues veio com a filha, Carla Rodrigues, e netos e ocuparam duas unidades. Cada casa dispõe de dois quartos, sala e cozinha conjugada e banheiro. "Aqui a gente está sofrendo, sem água, luz, coleta de lixo, mas acreditando que vai conseguir o sonho da casa própria", disse a aposentada.
A dona de casa Neide Alves também mantém a esperança de que a Prefeitura regularize a situação, determinando a instalação de rede elétrica e de distribuição de água. "Nós esperamos muito tempo, sem nenhuma solução e o jeito foi fazer a ocupação porque essas casas são para o povo pobre, que não tem moradia própria", justificou.
Alguns moradores pensam de forma diferente e temem que, após as eleições municipais, ocorra o despejo das famílias. "O nosso medo é que depois da eleição, a Prefeitura mande retirar todo mundo", disse o aposentado Francisco Gomes.
Há pessoas que estão ajeitando as casas, colocando portas, pias, porque houve furto de peças e instalações quando as unidades estavam fechadas. Algumas famílias fizeram gambiarra e instalaram energia elétrica vendida por um particular que tem um imóvel próximo aos conjuntos habitacionais. A maior dificuldade é a falta de água na rede de distribuição. "A gente tá comprando de caminhão-pipa", disse a dona de casa Maria de Fátima Costa.
Não há liderança entre os moradores que ocuparam os imóveis. Mas todos apresentam uma mesma reivindicação. Querem que a Prefeitura regularize a situação, faça a instalação de água, luz e recolhimento do lixo. As famílias explicaram que o Executivo Municipal até o momento não se posicionou sobre a ocupação e, até o fechamento desta edição, não houve retorno da Assessoria de Imprensa do Município sobre providências a serem adotadas mediante a invasão ocorrida.

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