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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Meirelles inclui dois cearenses na nova equipe econômica

Brasília/Fortaleza. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou ontem nomes de sua equipe econômica. Na lista, estão dois cearenses: o economista Mansueto Almeida, que comandará a Secretaria de Acompanhamento Econômico; e o ex-diretor do Banco Central, Carlos Hamilton, que ficará à frente da Secretaria de Política Econômica. Também foram anunciados os nomes de Ilan Gol dfajn para a presidência do Banco Central e de Marcelo Caetano para a Secretaria da Previdência.

"Caetano é um membro respeitado da área", disse o ministro ao anunciá-lo. O novo secretário já foi coordenador-geral de atuário da Previdência. Sobre o novo presidente do Banco Central, Meirelles destacou a experiência de trabalho entre os dois. "Trabalhamos juntos no Banco Central no início do meu período", afirmou.
O dirigente da Fazenda confirmou que decidiu antecipar o anúncio dos nomes para que a divulgação fosse feita antes da abertura do mercado financeiro. A Bolsa brasileira, no entanto, fechou em queda de 1,86% na sessão de ontem.
Confiança
Durante o anúncio dos novos membros da equipe econômica, Henrique Meirelles disse esperar que a retomada da confiança na economia brasileira seja acelerada. Na sua avaliação, a retomada da confiança é algo que é geométrico, começa devagar e se acelera. Ele enfatizou que já viveu esse processo.
Segundo Meirelles, a retomada da confiança se dará de forma gradual. Em primeiro lugar, pela mudança de governo e resolução da incerteza política. Ele lembrou que ainda há uma decisão nos próximos meses a ser tomada pelo Senado para eliminar a incerteza política.
Previdência
Meirelles insistiu que esse processo de retomada da confiança vai evoluir com a reforma da Previdência e fixação do prazo de 30 dias para a proposta e à medida que forem divulgadas as medidas fiscais. Ele citou o corte de quatro mil cargos comissionados, de subsídios, subvenções e de despesas diretas. Indicado como formulador de política econômica, Carlos Hamilton Araújo deu uma assistência ao ministro na resposta da pergunta.
O ministro avaliou que o prazo de 30 dias para a definição da reforma da Previdência é adequado. O prazo foi definido ontem em reunião com o presidente em exercício Michel Temer. "Eu concordo com esse prazo", afirmou Meirelles, acrescentando que essa foi a sua sugestão.
"Não temos uma proposta pronta e não vamos fazer nada precipitado", afirmou. Meirelles disse que a proposta de reforma tem que ser discutida com as centrais sindicais e o Congresso Nacional. "A ideia é que quando apresentarmos a proposta já tenhamos passado por uma série de discussões", afirmou.
Cenário externo
O ministro disse que o cenário externo envolve alguns desafios dentro de um quadro geral conhecido. Na avaliação dele, a economia norte-americana segue crescendo normalmente dentro do processo de recuperação, mas reforçou que ainda existem preocupações.
Sobre a Europa, Meirelles ressaltou que o continente está num processo de recuperação gradual assim como a China. "Não nos compete formular opiniões das políticas de outros Países, mas o cenário externo está em recuperação", disse antes de frisar que não compete a ele especificamente fazer previsões. "Não existe um clima de crise eminente de algo que possa nos afetar diretamente", ressaltou.
Meirelles disse ainda não ter encontrado dificuldades ao chegar na Fazemda com os dados e documentos da Pasta. Segundo ele, os computadores, a base de dados está integral e os titulares estão em regime de colaboração integral. "Não encontramos nenhum tipo de dificuldade aqui no Ministério da Fazenda", salientou ele.
Contingenciamento
Meirelles afirmou que cumprirá os prazos para publicação do relatório de receitas e despesas, que será anunciado até sexta-feira, mas não antecipou o contingenciamento ou uma nova proposta de meta fiscal. O ministro disse que, até lá, terá mais informação. "Os prazos serão respeitados e obviamente a partir daí faremos a melhor avaliação possível dentro dos prazos", disse.
Meirelles ressaltou ainda que não achar correto que, antes de "sequer termos anunciado a meta ou os números, já comecemos a falar qual seria ou não seria o tributo". Até lá, "serão longos dias", e a equipe econômica terá "o maior volume de informações possíveis". "Teremos mais informação do que agora", disse.
O QUE ELES PENSAM
Seleção técnica é bem vista pelo mercado
"As pessoas confirmadas por Meirelles para compor a equipe econômica são bastante capazes. O Carlos Hamilton, por exemplo, é meu contemporâneo dos tempos de FGV e um profissional bastante capacitado, além de ter larga experiência no serviço público, já que atuou como diretor do BC (Banco Central). Além disso, ele também tem um bom trânsito entre os economistas, o que facilita muito a busca por ideias e soluções para os problemas do País. O Mansueto também tem essa vantagem, além de ser nomeado para um cargo onde atuará diretamente em sua especialidade: acompanhamento das despesas públicas. Assim, eu entendo que são duas contribuições bastante importantes para o País, assim como os outro nomes confirmados pelo ministro, que são conhecidos do mercado e passam credibilidade. O que também acho importante é que as soluções que vierem a ser propostas tenham uma sensibilidade muito grande com os avanços sociais que conquistamos nos últimos anos. A reforma previdenciária, por exemplo, é algo necessário desde a década de 90, mas que precisa ser trabalhada da maneira correta, preservando os direitos adquiridos. Isso sem falar que ela é uma solução de longo prazo, que só trará equilíbrio nos próximos anos. De imediato, no meu ponto de vista, o desafio é equilibrar as contas sem prejudicar os importantes programas sociais".
Flávio Ataliba
Economista e diretor geral do Ipece
"Em primeiro lugar, vale salientar que todos os nomes confirmados pelo ministro Henrique Meirelles para compor a equipe econômica são de técnicos altamente reconhecidos e muito bem vistos pelo mercado financeiro. O Carlos Hamilton e o Ilan (Goldfajn) já foram do Banco Central (BC), o que traz respaldo para os dois quanto à atuação no serviço público. Além disso, o Mansueto (Almeida) é um crítico e grande estudioso da dívida pública, o que lhe dá totais credenciais para assumir o cargo (na secretaria de acompanhamento econômico). Em suma, são pessoas experientes, técnicas, que com certeza terão compromisso com as regras de mercado, não tomando decisões incompatíveis com a atual situação econômica do País. Para mim, fica claro que, pelo menos na composição da equipe econômica, este governo (Temer) tem optado por cargos não politizados, mas indicados por mérito e capacidade de cada um. Isso é extremamente positivo para o mercado financeiro, que tende a ficar mais tranquilo com o perfil que cada um possui. O mesmo aconteceu com a recente indicação da nova presidente do BNDES (Maria Sílvia Bastos Marques), que já é uma técnica conhecida no mercado. Agora, resta aguardar como será a postura de cada um na busca por soluções econômicas para o País, que estão com as contas extremamente combalidas e necessitando de medidas prioritárias para retomar o equilíbrio".

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