O vírus H1N1 fez mais uma vítima fatal no Ceará, chegando a seis o número de óbitos no Estado em 2016, segundo levantamento da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgado ontem. A morte de uma mulher de 44 anos foi a primeira causada por uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) decorrente do vírus influenza na Capital este ano. Além disso, uma das preocupações pela incidência da gripe é com a população infantil. Atualmente, 10 crianças são monitoradas pelo Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) com suspeita da enfermidade. Destas, três apresentam sintomas.
Os outros sete casos, segundo informou a unidade de saúde, já eram pacientes do hospital em estado crítico, portanto, foram incluídos na lista de suspeitos com o vírus como forma de precaução, passando, então, pelos mesmos procedimentos clínicos que os demais. Vale lembrar que crianças de seis meses a menores de cinco anos integram o grupo prioritário do Ministério da Saúde para receber imunização contra a gripe.
O presidente da Sociedade Cearense de Infectologia, Erico Arruda, explica que crianças nessa faixa etária são mais frágeis a infecções por não terem mais os anticorpos maternos, presentes até os seis meses de vida, e que garantem uma boa imunidade. "Depois dos seis meses é o período que tem mais risco de infecção respiratória porque ela não amadureceu suficientemente o seu sistema imunológico e não tem a herança dos anticorpos da mãe", destaca. Como forma de prevenção, além da vacina, o médico alerta para manutenção da hidratação, uma vez que uma maior quantidade de água promove um maior clareamento das secreções respiratórias. "E principalmente evitar que ela fique em ambientes fechados e convivendo com adultos e outras crianças com sintomas respiratórios, como tosse e espirro. A secreção de nariz que uma criança ou um adulto esteja produzindo vai contaminando o ambiente e, ao tocar, ela pode levar a boca e vir a se infectar".
Enquanto a vacinação segue em andamento para os grupos prioritários, por parte do Governo do Estado e Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a procura pela imunização na Capital segue em alta também em unidades de saúde particulares. Muitas delas já não dispõem de doses, como a clínica Imunize, que acabou todo o seu estoque na semana passada. De acordo com a administradora do estabelecimento, Simone Rodrigues, a clínica chegou a aplicar 600 doses por dia. "Vendemos em um pouco mais de um mês o que não vendíamos em um ano. Ainda recebemos muitas ligações de gente procurando", comenta.
O diretor médico da clínica Dra. Núbia Jacó, João Cláudio Jacó, afirma que o último lote esgotou há 15 dias, dispondo atualmente apenas de doses reservadas para retorno em algumas crianças. "Para adultos e idosos não existe mais e não acho que consigamos doses para esse ano. Os laboratórios trouxeram para o Brasil em 2016 a mesma quantidade do ano passado e esse ano a procura foi muito maior", comenta.
O Ceará imunizou 640.738 pessoas, o que corresponde a 36,07% da cobertura vacinal. A meta é vacinar 80% do público-alvo até o dia 20 de maio, conforme a campanha nacional de vacinação contra a Influenza, iniciado no último dia 30. Até a última segunda-feira (9), segundo a Sesa, 15 municípios ultrapassaram 50% da cobertura. Ainda não há determinação do Ministério da Saúde quanto a expansão da vacinação para pessoas fora dos grupos prioritários.
Exames
Apesar dos casos de H1N1 confirmados, 15 até então, a farmacêutica bioquímica do setor de virologia do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Ceará, Fernanda Montenegro, afirma não haver registro de aumento na quantidade de exames analisados pelo órgão. De janeiro a 9 de maio de 2015, 242 pacientes realizaram exames no laboratório, resultando numa positividade de 31%.
Já no mesmo período deste ano, das 345 análises, 24% constou com resultados positivos, segundo a farmacêutica. Para ela, a procura por exames e vacina pode se dar pelo surto em outras capitais do País. "No ano passado começamos a ter um pouco mais cedo os casos de influenza do que nesse ano. O alvoroço está grande, mas com o levantamento vimos que a situação está como em todos os anos", diz. (Colaborou Mylena Gadelha)
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