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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Verde se destaca em meio à seca persistente

Senador Pompeu Neste município do Interior do Ceará, localizado no Sertão Central, em pleno período de seca, agricultores familiares da localidade de Muxinató, nas margens da CE-060, conseguem produzir alimentos para o próprio consumo: legumes, frutas, cereais e hortaliças, além da criação de animais. O segredo está no uso racional da água da barragem que abastece a comunidade.

Depois de cinco anos de chuvas irregulares, abaixo da média histórica, o sertão cearense enfrenta dificuldades de cultivo das culturas de subsistência. O Sertão Central é uma das áreas mais atingidas pela irregularidade das precipitações. A seca prevalece. Os açudes não receberam recarga significativa. E na maioria das áreas, o quadro é de frustração de safra.
Em algumas áreas, é possível produzir feijão, batata-doce, jerimum, macaxeira, verduras e frutas. Em Muxinató, uma pequena vila, agricultores de base familiar, mantém a tradição do cultivo das culturas básicas de consumo. José Gomes da Silva é um exemplo de perseverança. Criou 12 filhos, tirando o sustento da roça, e não se cansa de trabalhar.
Em uma área de 34 hectares, José Gomes e alguns filhos mantêm a atividade agrícola - plantio e criação de animais. Cultiva 15 ha e o restante da propriedade é destinada à preservação da mata nativa. A produção é mantida graças à água que ainda resta acumulada na barragem, construída em 1997, e que atende à comunidade.
"É a nossa principal fonte de abastecimento", disse o agricultor Expedito Alves do Rego. Quem passa ao lado, surpreende-se com o verde que se destaca entre áreas secas e improdutivas. Há plantio de tomate, de árvores frutíferas (manga, acerola, mamão, laranja), hortaliças e também de plantas medicinais.
José Gomes lembra que nem sempre houve produção permanente no período de estiagem. Antes da barragem, os agricultores só praticavam a produção de sequeiro (aquela que depende exclusivamente da água da chuva). "O nosso segredo está na união e no trabalho em família. Temos de agradecer a Deus pelo que temos", frisou.
Pela manhã, bem cedo, as nascer do sol, os agricultores já estão no campo, junto ao balcão de hortaliças, limpando e colhendo os frutos. "Todo o plantio é feito de forma orgânica, consciente, com o uso racional da água", disse Gomes.
O agricultor Francisco Félix, depois de migrar para São Paulo e trabalhar no corte de cana-de-açúcar, resolveu fazer o caminho de volta para o Ceará. Com esforço, vem obtendo bons resultados. "Sustento a minha família da renda com a agricultura", afirmou. Dedicado à produção de hortaliças, chega a colher dez mil molhos por semana de cheiro verde - coentro e cebolinha. "A minha preocupação não é somente com a quantidade, mas com a qualidade", frisou.
A produção local é destinada em sua maior parte para abastecer o mercado de Quixeramobim e Senador Pompeu. Os agricultores observaram que havia escassez de hortaliças frente a uma demanda crescente.
Apesar do esforço das famílias da localidade, a barragem dá sinal que está secando. As chuvas neste ano não chegam para elevar o nível do reservatório. "A seca é uma preocupação de todos", disse o produtor rural familiar Expedito Rego. "Sem chuva suficiente, vamos ter dificuldades neste ano".
A experiência de Muxinató serve de exemplo e motivação para outras comunidades rurais. O que prevalece na localidade é o esforço coletivo. A igreja dedicada a São José foi construída com trabalho dos moradores. Depois veio a construção da cozinha e galpão comunitários. A moradora Fátima Coelho destaca a fé das famílias no padroeiro: "A nossa esperança é que teremos chuvas até maio".

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