Trezentos e sessenta e oito pessoas roubadas ou furtadas por dia no
Ceará. Este foi o balanço do primeiro mês de 2016, conforme dados divulgados
pela Secretária da Segurança e Defesa Social (SSPDS). Ao todo, janeiro
contabilizou 4.916 furtos e 6.503 Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP),
que englobam casos classificados como roubo, excluindo latrocínio (roubo
seguido de morte). O número, porém, tende a ser maior, já que a estatística só
leva em consideração vítimas que registraram Boletins de Ocorrência (B.Os).
O mês de janeiro deste ano obteve o pior índice de CVP desde julho de
2015, quando a Secretaria da Segurança voltou a divulgar oficialmente o
balanço. Em dezembro do ano passado, por exemplo, o Ceará teve 5.384 pessoas
roubadas; 20% a menos. Se o atual balanço for comparado com igual período de
2015, quando foram 5.775 roubos, o primeiro mês de 2016 teve um acréscimo de
12% nos casos.
De acordo com estatísticas da SSPDS, as sextas-feiras foram os dias que
mais registraram roubos. Mais de 1.000 casos ocorreram nestes dias. O horário
preferido pelos criminosos é durante a noite, entre às 18h e 23h59. Somente
nestes intervalos ocorreram 34,9% dos casos de CVP, o que representa um total
de 2.276 vítimas.
A Capital foi disparado o território com mais registros de CVP. Somente
em Fortaleza foram 4.140 pessoas roubadas durante o mês. A Área Integrada de
Segurança (AIS) 1, que engloba bairros como Jardim Guanabara, Barra do Ceará,
Centro e Antônio Bezerra, liderou o ranking divulgado pela Secretaria, com um
total de 1.082 roubos.
O motociclista César Almeida, 32, foi uma dessas vítimas. O homem
voltava do trabalho, quando teve o celular roubado no bairro do Centro.
"Fui abordado quando parei com minha moto em um semáforo. Fiquei
assustado, pois eram dois homens armados. Eles pediram meu celular, dinheiro e
eu tive que entregar. Felizmente não aconteceu nada de mais grave, apenas danos
materiais", comentou o entregador.
O número de furtos em janeiro também foi o mais alto desde julho de
2015. Naquele mês foram 4.181 pessoas furtadas. Já em dezembro de 2015, foram
4.730 casos. O aumento observado entre o último mês de 2015 e o primeiro deste
ano é de 3%.
Apesar do elevado índice, o mês de janeiro de 2016 apresentou uma
redução de 11% em comparação com igual período do ano anterior, quando foram
computadas 5.554 vítimas.
As sextas-feiras também foram os dias em que mais pessoas foram furtadas
no Ceará. O horário com maior incidência de crimes foi de 6h às 11h59.
Subnotificação
Apesar de elevado, o número de roubos e furtos no Ceará tende a ser
ainda maior do que foi divulgado pela SSPDS. As estatísticas policiais
contabilizam apenas aqueles casos em que as vítimas notificaram os crimes por
meio do Boletins de Ocorrência. No entanto, parte da população ainda prefere
não adotar a prática.
A estudante Camila Silva, 21, por exemplo, informou que já teve o
celular furtado neste ano, durante uma festa. A jovem relatou que perdeu os
contatos e o número, mas preferiu não ir à Delegacia para registrar o B.O.
"Percebi que meu celular havia sido puxado de dentro do meu bolso.
Quando olhei para trás, eu vi um homem correndo na festa. Esta foi a única vez
que fui roubada. Mas não quis ir á delegacia por achar que dificilmente
conseguiriam recuperar o celular. Sei que pode ser errado, mas conheço gente
que registrou o B.O e não aconteceu nada. Por isso preferi deixar pra lá",
relatou a jovem.
Ações
A SSPDS reconheceu que os números de roubos e furtos no Estado são
elevados. No entanto, a Pasta ressaltou que as estatísticas devem crescer com o
passar do tempo. Um dos motivos seria o esforço da Polícia em tentar
conscientizar a população a registrar os Boletins de Ocorrência após os crimes.
O objetivo, conforme a Secretaria da Segurança, é fazer com que os casos
subnotificados reduzam. "Entre os esforços feitos está a implantação de
totens de autoatendimento para o registro de B.Os. A SSPDS reitera que a
consolidação de dados reais é de suma importância para que o policiamento seja
direcionado de forma correta para áreas e horários em que os crimes acontecem.
As Polícias Civil e Militar vêm desenvolvendo esforços em conjunto para
combater os crimes contra o patrimônio", informou em nota.
A SSPDS ressaltou que as notificações por meio dos Boletins de
Ocorrência são importantes para que sejam direcionadas as ações policiais em
pontos específicos onde mais são registrados casos de roubos e furtos.
"O Boletim de Ocorrência viabiliza a intensificação dos trabalhos
policiais em locais com maior incidência de delitos. O fortalecimento dessas ações
é resultado da integração entre as forças de segurança; do trabalho focado nas
áreas, horários e dias que apresentam maiores taxas de crimes, como roubos, com
base em análises estatísticas e criminais" reiterou Secretaria da
Segurança Pública.
ENQUETE
Registrou B.O após roubo?
"Já tive minha bolsa roubada. Eu resolvi ir à Delegacia registrar o
Boletim de Ocorrência para depois conseguir tirar as segundas vias dos meus
documentos. Mas no fundo eu sabia que não recuperaria meus pertences".
Ruth Maria
26 anos
Auxiliar de Almoxarifado
"Fui abordada por dois homens armados, que levaram meu celular. Não
me dei nem ao trabalho de registrar o Boletim de Ocorrência, pois sabia que a
Polícia não iria conseguir recuperar o celular".
Beatriz Maria
28 anos
Operadora de Caixa
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