O Brasil foi um dos países que mais
investiu no cartão com chip, a última tecnologia contra a clonagem nas transações
eletrônicas. Mas foram as mensagens
de texto (SMS) o
instrumento que mais surpreendeu no ano passado no combate às fraudes nos pagamentos com
cartões. Os motivos apontados são a popularidade do celular,
especialmente dos smartphones, entre a população bancarizada do país e a
familiaridade com que o brasileiro utiliza esses aparelhos.
Quando
uma pessoa recebe a mensagem de uma transação que não efetuou, costuma
responder imediatamente ao banco. Em poucos minutos consegue cancelar a
transação suspeita e ainda bloquear o cartão clonado. Os bancos que enviam SMS
para confirmar as transações feitas pelos clientes relatam uma diminuição de
até 90% na quantidade de fraudes.
Inicialmente,
as instituições financeiras estavam reticentes em enviar as mensagens,
influenciadas pelo custo alto e pelo receio de incomodar demais os clientes com
as confirmações. O serviço foi expandido em 2015, quando grande parte dos
cartões de débito e crédito já era chipada no país. Por esse motivo, não é
possível afirmar que o feito tenha sido consequência exclusiva das confirmações
via celular.
Henrique
Takaki, gerente de risco da Cielo e coordenador do comitê de segurança da Abecs(Associação
das Empresas de Cartão), avalia que o resultado se deve a uma série de
investimentos para dar mais segurança às transações eletrônicas. "Antes do
SMS, pedíamos para as pessoas verificarem os extratos, mas demorava muito até
identificar uma fraude. Nesse período, ocorriam uma série de operações. Com o
SMS, a resposta é rápida; o cartão é bloqueado e várias fraudes deixam de
ocorrer", disse Takaki.
No Banco do Brasil,
instituição financeira que mais emite cartões no país, as fraudes com clonagem
de cartão caíram 86% após a adoção da tecnologia. Até novembro, o banco tinha
enviado um total de 187 milhões de SMS para confirmar transações. Dessas, 171
mil mensagens -0,09% das transações- obtiveram respostas, gerando uma economia
de R$ 88,5 milhões, segundo o banco.
"Além
de reduzir as perdas com fraudes, também conseguimos diminuir o índice de
reclamações dos clientes no Banco
Central (BC). Uma parte significativa das reclamações contra os
bancos é de transações não reconhecidas", disse Walter Malieni,
vice-presidente de controles internos e gestão de riscos.
No
ranking de reclamações do BC, as cobranças irregulares nos cartões eram o
segundo maior motivo de queixas consideradas procedentes em novembro, depois de
problemas na contratação de crédito consignado por cartão.
Na
maioria dos bancos, o cliente precisa contratar o serviço por um custo mensal
de cerca de R$ 5. Algumas instituições, no entanto, enviam a mensagem de texto
sem custo para transações acima de determinados valores, como R$ 20.
Como um
todo, as perdas dos bancos com fraudes nos pagamentos eletrônicos somaram R$
1,8 bilhão por ano. Os investimentos em tecnologia no sistema financeiro foram
de R$ 21,5 bilhões, sendo que R$ 2,6 bilhões foram gastos com segurança.
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