Iguatu Chuvas intensas voltaram ao
Ceará depois de sete meses sem registro de pluviometria elevada. A Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou precipitações
em 85 municípios. As cinco maiores foram em Icó (130mm); Tauá (105mm); Crateús
(95mm); Arneiroz (95mm) e Quiterianópolis (95mm). Os índices pluviométricos
mais elevados concentraram-se nos Inhamuns e Centro-Sul.
Desde
maio de 2014 que não havia chuvas tão intensas como as que ocorreram ontem. De
acordo com a Funceme foram provocadas por atuação conjunta de um Vórtice
Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) com uma depressão tropical que se formou no
litoral da Bahia. Para hoje há previsão de ocorrência de chuvas isoladas em
todas as regiões do Estado.
Em Arneiroz, na região
Centro-Sul do Estado, uma barragem no leito do Rio Jaguaribe transbordou,
levando alegria para os moradores e renovando a esperança do sertanejo em um
bom inverno. Centenas de pessoas visitaram ontem a barragem de pedra para ver o
espetáculo das primeiras águas de chuva transbordando.
A
secretária de Agricultura de Arneiroz, Adalgisa Maria Ferreira, também coloca
no divino a providência de uma quadra chuvosa acima da média. "Graças a
Deus a chuva chegou, e com força, encheu pequenos açudes na localidade de
Planalto e a barragem da cidade já sangrou", disse. "O nível da água
no Açude Arneiroz II, que estava muito baixo, subiu dois metros".
O
presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Evanilson Saraiva,
disse estar confiante em boas chuvas para os próximos meses. "As
experiências dos mais idosos mostram que teremos um bom inverno e quando chove
na noite de Natal (24 de dezembro) e no Dia de Reis (6 de janeiro) é um bom
sinal. Deus não vai negar chuva para nós, neste ano, que estamos precisando
muito", afirmou.
Na cidade de Icó, que registrou
a maior precipitação de ontem, a chuva começou por volta das 21 horas de
quarta-feira e veio forte, provocando pontos de alagamento em várias ruas do
Centro. A área mais afetada foi o bairro Cidade Nova, onde todas as vidas
ficaram inundadas. De acordo com o advogado Fabrício Moreira, o Açude dos
Curados, nas margens da BR-116, a cinco quilômetros do centro urbano, amanheceu
sangrando e o Açude Nova Itabira teve o volume aumentado de 10% para 80%.
"São dois reservatórios pequenos, mas a chuva foi geral e deixou todos
animados", disse Moreira.
Ontem,
o dia foi de alegria entre os moradores dos centros urbanos e da zona rural na
maioria dos municípios cearenses. Na região dos Inhamuns, uma das mais secas do
Estado houve registro de chuva em quase todos os municípios, com precipitações
acima de 50mm em Arneiroz, Tauá, Parambu, Quiterianópolis, Novo Oriente,
Crateús, e acima de 25mm em Independência e Saboeiro.
Na região Centro-Sul do Ceará
também ocorreram chuvas elevadas em Icó (130mm), o maior registro do ano;
Baixio (93mm); Cedro (83mm); Cariús (82mm); Várzea Alegre (75mm). Já na região
do Sertão Central, uma das mais secas do Estado, não houve praticamente
registro de pluviometria e onde ocorreu foi inferior a 15mm, em Solonópole,
Jaguaretama, Ibaretama, Piquet Carneiro.
As
chuvas de ontem, embora tenham banhado mais de 80 cidades, foram localizadas,
pois há muita variação de pluviometria. Em Iguatu, por exemplo, há registro de
chuva de 29mm no centro urbano, de 47mm no sítio Quixoá, de 4mm no sítio Baú e
de 100mm no sítio Carnaúba.
Estragos
Na região
do Cariri choveu em 25 municípios e os maiores índices foram registrados nas
cidades de Baixio (93mm) e Farias Brito (88mm). No entanto, foi a cidade do
Crato que apresentou os maiores estragos. A chuva, de 43 mm, acompanhada de
fortes ventos, derrubou árvores e telhados de residências e de estabelecimentos
comerciais.
Muitas
galerias de esgotos estavam entupidas e lixo foi espalhado nas ruas pelo volume
acumulado das águas nos córregos. A lama também tomou conta de vários bairros.
O teto do restaurante Guanabara, no Centro, desabou. O telhado de uma casa
também cedeu. De frente ao Centro de Referência em Assistência Social (CRA), no
bairro Seminário, caiu uma árvore, e um outdoor, por trás do Cemitério Público
do Crato, desabou. O grande temor da população, no entanto, era que o canal do
Rio Grangeiro, que atravessa a cidade, transbordasse, o que não aconteceu por
pouco. A preocupação advém do histórico, inclusive, com registros de morte e
desabrigados.
O
gerente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) em Crato, Alberto
Medeiros de Brito, explica que as construções causam a impermeabilização do
solo, o que resulta na perda da capacidade de absorção da água. O agrônomo
adverte, ainda, que, a cada ano, torna-se maior a probabilidade de o canal
transbordar. Para tentar prever a elevação do nível da água foram instalados
equipamentos conhecidos como Plataformas de Coletas de Dados, observados
periodicamente pela Central Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden).
Mais informações:
Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) - (85) 3101-1117
Companhia
de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) - (85) 3218-7024
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