Brasília. Presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), o ministro Dias Toffoli criticou ontem o corte orçamentário
imposto pelo governo à Justiça Eleitoral e afirmou que o recurso necessário
para as eleições de 2016 com voto eletrônico é muito menor do que a verba
destinada ao fundo partidário.
O fundo
é usado para manter a infraestrutura dos partidos e em campanhas eleitorais.
Neste ano, as siglas receberão mais de R$ 800 milhões. Ao todo, o corte no
Judiciário soma R$ 1,74 bilhão -R$ 428,7 milhões da Justiça Eleitoral.
Segundo
o TSE, o bloqueio dificultará a compra de novas urnas. Antes do corte, uma
licitação havia sido aberta para a aquisição de equipamentos, com despesa
prevista de R$ 200 milhões.
Dias
Toffoli afirmou que alguns Estados não terão urnas eletrônicas se o governo não
recuar da tesourada para a Justiça Eleitoral. De acordo com o ministro, pelo
menos 35 mil urnas no estado do Rio de Janeiro não poderão ser trocadas.
"O
contingenciamento total da Justiça Eleitoral representa mais de 80% das
necessidades que temos que adquirir para as eleições do ano que vem",
afirmou o ministro. O presidente do TSE disse ainda estar confiante de que a
medida será revertida.
Vice-presidente
do TSE, ministro Gilmar Mendes defendeu até que o Judiciário discuta uma realocação
em suas despesas. Ele diz que encomendou um estudo sobre o impacto financeiro
da volta do voto em papel.
"
(O corte) é uma situação delicada, certamente isso vai ser objeto de negociação
e terá que ser feita a devida avaliação. Eu também não sei qual é o custo da
eleição no voto tradicional, porque também terá um custo significativo, além
das dificuldades de voltar a esse modelo, até mesmo o aprendizado do eleitorado
e também dos mesários, está totalmente ultrapassado, teremos que fazer essa
revisão", disse.
O
ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que o governo está disposto a
debater a questão. Nos bastidores, a reação do tribunal é vista como pressão
sobre o Executivo, diante do desgaste que o fim do voto eletrônico poderia
trazer ao governo.
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