Brasília O tom formal tomou conta dos
menos de 50 minutos da primeira conversa entre a presidente Dilma Rousseff e o
seu vice, Michel Temer, depois da divulgação da carta escrita por ele, na
segunda-feira (7), quando o peemedebista desfiou um rosário de queixas da
petista.
A
coreografia oficial foi de mostrar que o "cachimbo da paz" foi aceso,
com acordo de convivência sendo selado. Mas, na prática, os dois já disputam o
poder e um sabe, claramente, que não pode mais contar com o outro. Na conversa,
Temer aconselhou Dilma a "não interferir" na guerra que está sendo
travada na Câmara para evitar que deputados consigam antecipar a convenção do
PMDB, que está marcada para março e, assim, o rompimento com o governo da
petista pode ser antecipado, "agravando a crise".
Os dois
combinaram as declarações a serem dadas. Temer convocou os jornalistas para se
manifestar e disse: "Combinamos, eu e a presidente Dilma, que nós teremos
uma relação pessoal e institucional que seja a mais fértil possível".
Dilma
preferiu distribuir uma nota, assinada por ela, onde afirma que "na nossa
conversa, eu e o vice-presidente Michel Temer decidimos que teremos uma relação
extremamente profícua, tanto pessoal quanto institucionalmente, sempre
considerando os maiores interesses do País".
Carta
A
conversa começou com uma avaliação sobre os pontos da carta escrita por Temer
para Dilma, que acabou vazada para a imprensa, o que irritou o vice. Já Dilma
ficou "assustada" com o conteúdo do texto, mas disse a aliados que é
importante "tentar trazê-lo de volta para onde ele sempre esteve, na
posição de vice-presidente da República".
A
presidente teria dito que "ficou refletindo" sobre vários trechos
descritos por Temer na carta que davam clara demonstração de desconfiança dela
em relação a ele e ao PMDB. De acordo com fontes, ela teria chegado a
reconhecer que errou em alguns casos, fazendo um "mea-culpa".
Em
seguida, a conversa evoluiu para os problemas que estão sendo enfrentados pelo
governo com o PMDB. Temer explicou que, como presidente do partido, não pode
defender qualquer uma das alas da legenda porque ele está completamente
dividido. Aconselhou a presidente Dilma a ouvir mais o partido e lembrou que
ele se mantém há 14 anos neste posto de presidente do PMDB porque dialoga e
ouve todas as correntes.
Os dois
teriam terminado a conversa "aliviados", mas não há mudanças
drásticas nas relações, nem no quadro de convivência. Na verdade, foi selado
uma espécie de "acordo de boa convivência". O encontro ocorreu após a
presidenta voltar de Roraima, onde cumpriu agenda de entrega de moradias do
Programa Minha Casa, Minha Vida.
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