Maria Elizabete Braga e Júnia
Oliveira estavam juntas há seis anos e, no ano passado, resolveram formalizar a
união em um cartório de Fortaleza, garantindo, assim, direitos plenos para as
duas e para a filha adotiva de dois anos. Elas representam o universo de 162
casamentos de pessoas do mesmo sexo realizado no Ceará em 2014. Mas o número é
12% menor do que os 184 legalizados em 2013.
Os dados fazem parte das
estatísticas Registro Civil 2014, divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "A gente decidiu casar em
razão dos direitos adquiridos. Representa uma maior segurança", afirmam.
Em
Fortaleza, segundo o instituto, o total de casamentos entre mulheres diminuiu
mais ainda em um ano. Foram 89, em 2013, e 25 no ano passado. Uma queda de 72%.
Em relação ao Brasil, os casamentos entre mulheres no Ceará ocupam a 8ª
posição. São Paulo está em primeiro, seguido por Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Entre
os homens, o Ceará está em 7º lugar. São Paulo lidera, Rio de Janeiro, em
segundo; Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Segundo
a gerente das pesquisas sociais da Coordenação de População e Indicadores Sociais
do IBGE, Cristiane Moutinho, o período de apenas um ano não é ideal para se
avaliar o comportamento. Nesse sentindo, a redução no Ceará ou o aumento, em
média, no Brasil, ainda não significa uma tendência. É preciso, sem dúvida,
assegura, mais tempo para se analisar o assunto.
Gênero
A
coordenadora do Núcleo de Gênero, Idade e Família, da UFC, Maria Dolores Mota,
concorda com a avaliação do Instituto. "Para analisar tendências de
comportamento precisamos de um tempo, alguns anos, para compor uma série
histórica. Inclusive porque temos que considerar a existência prévia de uma
população que esperava as condições para formalizar a sua união, seja no
sentido de possibilidade legal e institucional, seja no sentido de uma
aceitação social dessa formalização", diz.
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