Paris. O domingo em Paris era para ser
apenas um dia de luto e homenagens às 129 vítimas dos ataques terroristas da
última sexta-feira (13), mas a tensão e o medo de novos atentados acabaram
levando a uma sucessão de atos de pânico que demandaram ação da polícia em
vários pontos da capital francesa.
Milhares
de pessoas se reuniram durante todo o dia na Praça da República para homenagear
os que morreram nos atentados. No início da noite, o barulho de fogos de
artifício assustou a multidão, que saiu correndo em pânico. A polícia foi
acionada e evacuou o local, até confirmar que se tratava de alarme falso.
Quase
ao mesmo tempo, parisienses entraram em pânico no Marais, na região central de
Paris. Ao ouvirem o barulho supostamente causado por fogos de artifício,
pessoas que estavam nos restaurantes e bares da região se desesperaram e saíram
correndo.
Na
Catedral de Notre Dame, onde foi realizado no início da noite um memorial em homenagem
às vítimas, mais medo. A polícia evacuou a área em frente à catedral, afastando
a multidão de parentes e amigos das vítimas que se concentrava do lado de fora
na tentativa de acompanhar a missa. Mesmo assustadas, as pessoas continuaram no
local rezando e cantando hinos religiosos. Sirenes de carros da polícia, de
ambulâncias e de carros do corpo de bombeiros foram ouvidas constantemente em
diversos pontos do centro de Paris.
No
mais, a cidade dava a impressão de ritmo normal. Tardes e noites de domingo são
um tanto letárgicos mesmo em Paris. Mas alguns bairros estavam cheios de vida
além da conta dominical. No bairro Oberkampf havia certo clima de festa em
bares e cafés, que contrastava com aglomerações mais meditativas de pessoas que
acendiam velas onde houve mortes.
Bares e
restaurantes de Marais, Bastilha, île de Saint Louis, e Champs Élysées estavam
com movimento até acima do normal. A cidade, no entanto, continua em estado de
alerta e a presença das forças de segurança nas ruas é grande.
Locais dos ataques
Pessoas
de várias nacionalidades, idades e religiões se reuniram nos memoriais montados
nos locais dos ataques. Na Boulevard Voltaire, onde fica a casa de shows
Bataclan, palco do mais sangrento dos ataques, a muçulmana Shaghayegh Azimi, 22
anos, acendeu uma vela pela paz. "O Islã não tem nenhuma conexão com essas
pessoas que estão abusando dos preceitos e matando pessoas inocentes em busca
de poder", afirmou.
Cerca
de 70 mil brasileiros vivem na França, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.
Na sexta-feira, três ficaram feridos. Este foi o pior ataque terrorista na
Europa desde 2004, quando 191 pessoas morreram em explosões cometidas em quatro
comboios da rede ferroviária de trem de Madri. Sete terroristas promoveram
ataques coordenados em seis diferentes locais da capital francesa.
O
Estado Islâmico reivindicou a autoria dos atentados, alegando ser uma resposta
aos bombardeios realizados pela França e Estados Unidos na Síria e no Iraque.
Além dos 129 mortos, outras 352 pessoas ficaram feridas. Delas, 99 estão em
estado grave. Dois dias após os ataques, diversos pais ainda procuravam os
filhos em hospitais da cidade.
Entre
os 129 mortos, 103 foram identificados, afirmou o premiê francês, Manuel Valls.
No final de semana, a imprensa francesa e familiares começaram a divulgar a
identidade das vítimas do atentado do dia 13.
Símbolo
A Torre
Eiffel de Paris, fechada até nova ordem após os atentados em Paris, e com as
luzes desligadas em sinal de luta, voltou a ser iluminada ontem, mas por ora
não será reaberta. O símbolo da capital francesa permanecerá iluminado, mas se
apagará a cada cinco minutos a cada hora em respeito pela situação, informou a
empresa que gerencia a torre.
O
local, visitado todos os dias por cerca de 20 mil pessoas, está fechada desde
os atentados da última sexta-feira.
Estado de Emergência
O
presidente francês, François Hollande, informou ante o parlamento que deseja
que o estado de emergência, decretado depois dos atentados, seja mantido por
três meses.
Prolongar
o estado de emergência além de 12 dias só pode ser autorizado mediante lei
votada pelo parlamento, que fixe uma duração definitiva.
Ontem,
investigadores encontraram um dos veículos utilizados pelos terroristas, ainda
carregado de armas, reforçando os temores de haver cúmplices em liberdade. O
carro, um Seat preto, foi encontrado nos subúrbios de Paris, com vários fuzis
AK47.
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