Brasília. O Ibama vai multar a mineradora
Samarco pelo rompimento das barragens que provocou uma tragédia ao destruir o
distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais. O órgão debate, ainda,
quantas multas serão aplicadas pelo desastre ambiental. O valor oficial ainda
não foi divulgado, mas, segundo apurou a agência Folha, deve superar os R$ 50
milhões.
Seis
dias depois da tragédia, a presidente Dilma Rousseff decidiu que o governo vai
responsabilizar a Samarco pelo rompimento da barragem. Ontem, Dilma telefonou
para o diretor-executivo da BHP, Andrew Mackenzie, e para o presidente da Vale,
Murilo Ferreira, que controlam a Samarco, e cobrou que as duas empresas arquem
com os prejuízos sociais e ambientais.
A
presidente também determinou a criação de um comitê de gestão da crise,
composto pelos ministérios da Integração Nacional, das Minas e Energias e do
Meio Ambiente, para acompanhar e cobrar da Samarco ações de reparação de danos.
A decisão deve ser publicada hoje no Diário Oficial da União.
De
acordo com o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, as empresas terão
de se encarregar de solucionar o problema de abastecimento de água nas cidades
às margens do Rio Doce atingidas pela lama. Occhi afirmou que a Samarco já se
mostrou disposta a arcar com as despesas.
"Ela
(Dilma) cobrou isso. Ela afirmou que são de responsabilidade da mineradora
todos esses danos. Nós estamos falando de impactos que também destruíram
rodovias mineiras, propriedades de várias pessoas, que tinham suas plantações
como forma de subsistência, criação de animais. Será preciso dar resposta
imediata às famílias. E a mineradora diz que fará todo o esforço para, no mais
rápido tempo, dar a resposta, principalmente, às famílias atingidas",
afirmou.
Dilma vai ao local
Depois
de receber muitas críticas pela ausência, hoje Dilma visitará as regiões
afetadas pela lama em Minas e no Espírito Santo, acompanhada de Occhi e da
ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Em entrevista mais cedo, Izabella
já havia adiantado que o governo federal multará as mineradoras: "Seremos
rígidos. Não tem essa história de achar que a pessoa não se pune",
declarou a ministra.
Pelos
cálculos do ministério, com o acidente, 50 milhões de metros cúbicos de
rejeitos foram despejados no ecossistema. "É um desastre de dimensão
catastrófica. Para você ter uma ideia, se a gente comparar o volume de lama
desse acidente chega a ser até seis vezes maior que o do maior acidente
nacional ocorrido nos últimos dez anos", disse.
Segundo
Izabella, os governos dos dois estados também poderão punir as empresas. Vale,
BHP Billiton e Samarco vão criar um fundo para ajudar vítimas e recuperar o
meio ambiente nas áreas atingidas. A informação foi dada pelo presidente da
Samarco, Ricardo Vescovi, em entrevista em Mariana. Além de Vescovi,
participaram o presidente da Vale, Murilo Ferreira, e o da BHP, Andrew
Mackenzie.
Já o
governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), visitou ontem a cidade de
Governador Valadares, a cerca de 300 quilômetros de Mariana, que foi afetada
pela lama que corre no Rio Doce. Ele defendeu mudanças na legislação estadual
para implementar punições mais duras a empresas envolvidas em danos à natureza.
A
quinta vítima identificada do rompimento da barragem é Thiago Damasceno, 7
anos. O corpo foi velado em Mariana. Há mais três mortos localizados que ainda
foram não identificados. Com a identificação da criança, o número de
desaparecidos na tragédia caiu para 20 pessoas.
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