O cenário de recessão vivido
pela economia brasileira tem atingido em cheio o mercado de trabalho nacional,
que fecha cada vez mais portas e vê crescer seu número de desempregados. No
Ceará, a situação não é diferente, posto que, no terceiro trimestre deste ano,
a taxa de desocupação do Estado atingiu 9,5%, o que corresponde a 364 mil
cearenses na fila do desemprego.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
No
comparativo com o primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego do Ceará
avançou 1,5 ponto percentual, informou a Pnad Contínua. Segunda a pesquisa, o
indicador foi de 8%, no acumulado dos três primeiros meses de 2015, para 8,8%, no
fim de junho e, finalmente, 9,5% no último levantamento. "É a maior taxa
registrada pelo Estado na série histórica, iniciada em 2012", destaca o
analista de Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de
Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Mardônio Costa.
O
analista também chama a atenção ao fato de que, normalmente, a taxa de
desemprego tende a cair ao longo do ano, algo que não tem acontecido.
"Desde que a séria histórica foi iniciada, os últimos trimestres sempre
apresentaram taxas de desocupação menores do que no início do ano. Em 2015,
porém, houve um movimento inverso, com altas seguidas", comenta.
Maior do que a nacional
Nacionalmente,
cerca de 9 milhões de pessoas estavam desempregadas no terceiro trimestre de
2015, o que corresponde a uma taxa de desocupação de 8,9%. Dessa forma,
observa-se que o Ceará registrou uma taxa de desemprego superior à média
nacional. "A realidade do Estado não é diferente da vivida pelo País. Ao
longo dos trimestres, o indicador de desemprego tem crescido a nível Brasil, o
que também ocorre por aqui", diz Costa.
O
analista do Sine/IDT lembra, contudo, que a taxa de desocupação do Ceará ainda
está abaixo da média do Nordeste, que atingiu 10,8% no terceiro trimestre deste
ano. "Estamos em uma posição intermediária, acima da média nacional e
abaixo da regional. Grandes economias nordestinas, como Bahia e Pernambuco,
também tiveram taxas maiores do que o Ceará no último levantamento",
destaca.
O
Nordeste, aliás, foi a região que apresentou a maior taxa de desemprego do
País, com alta de 2,2 pontos percentuais ante o mesmo período de 2014. O Sul,
por sua vez, teve a menor taxa (6,0%), apesar de também ter registrado aumento,
no caso, de 1,8 ponto percentual. Norte (de 6,9% para 8,8%), Sudeste (de 6,9%
para 9,0%) e Centro-Oeste (de 5,4% para 7,5%) também viram seus indicadores
subirem.
Os motivos
Conforme
Mardônio Costa, o aumento da taxa de desemprego, tanto no País como no Ceará, é
um reflexo do momento instável da economia brasileira, que tem travado o ritmo
de contratações em praticamente todos os setores. "A economia está parada.
A indústria, por exemplo, foi altamente penalizada e mal contratou entre agosto
e setembro, que deveria ser a época de pico. O comércio também não está com
grande projeções para as vendas de fim de ano, o que trava a contratação de
temporários. A construção civil, por sua vez, tem demitido bastante e segurado
seus lançamentos. Todos são prejudicados", conta o analista.
Outro
fator que contribuiu para o avanço das taxas de desemprego, diz Mardônio Costa,
é a inflação, que tem impactado no rendimento familiar. "Com isso, muitos
têm voltado ao mercado de trabalho para tentar manter o poder aquisitivo. O
problema é que não estão contratando, o que coloca todas esses em situação de
desemprego. Prova disso é que a População Economicamente Ativa (PEA) do Estado
avançou em 45 mil pessoas no último trimestre, das quais 13 mil estavam
ocupadas e as outras 32 mil, desocupadas".
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