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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Esposa comprou presentes para marido antes de ser morta

Uma camiseta, uma bermuda e uma sunga. Adriana Moura de Pessoa Carvalho Moraes escolheu estes três itens para presentear o marido, Marcelo Barberena Moraes, que completava aniversário no último sábado (22). Os presentes iam acompanhados de cartões assinados por ela e pelas duas filhas do casal, uma de sete anos e a outra de apenas oito meses. 

Horas após entregar os pacotes, a mulher e a criança mais nova foram assassinadas a tiros em uma casa de veraneio em Paracuru, na madrugada de domingo (23). O homem, marido e pai das vítimas, admitiu ter matado as duas.
Durante toda a tarde e o começo da noite de ontem, os pais e os irmãos de Adriana foram à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Bairro de Fátima, em Fortaleza, para prestar depoimento à diretora da unidade, delegada Socorro Portela. A irmã de Adriana, Ana Paula Carvalho, revelou o detalhe ocorrido naquela noite em que as duas vidas foram tiradas de maneira violenta e ainda não completamente esclarecida.
Conforme Ana Paula, a irmã era alguém que apreciava a vida matrimonial e dedicava-se a agradar a família. "Adriana era uma mãe, esposa, guerreira, batalhadora, que tentava sempre manter o casamento, pois eles viviam com brigas. Eram brigas normais, pois ele era um cara temperamental. Minha irmã era uma pessoa que ia da casa para o trabalho, sempre muito dedicada", relatou.
Ainda sem conseguir dormir, Ana Paula revelou que a tragédia desestruturou as bases dos parentes, que dizem estar perplexos com os fatos.
"A família está sangrando, arrasada. Nunca mais minha irmã e minha afilhada e sobrinha vão voltar. Estamos aos pedaços. É muita dor, estamos sem conseguir dormir e perplexos com tudo o que aconteceu, pois a gente nunca imaginou que ele (Marcelo), que estava dentro de casa, pudesse cometer isso. Minha irmã dormia com o inimigo", afirmou a irmã e tia das vítimas.
Conforme a família, Adriana e Marcelo estavam casados há doze anos e apesar do temperamento singular, o homem não teria demonstrado atitudes agressivas que fossem de conhecimento dos familiares de Adriana Moura.
Frieza
Entretanto, algo que chamava a atenção dos que conviveram com o casal era a maneira como Marcelo tratava a filha caçula, Jade Pessoa de Carvalho Moraes. Segundo a família de Adriana, Marcelo era menos carinhoso com a bebê.
"Marcelo demonstrava indiferença com relação à filha mais nova. Ele era mais amoroso e mostrava mais carinho com a mais velha. Ele era frio com a menor. Ajudava no que fosse preciso, mas era frio. A gente já notava isso", alegou Ana Paula.
A revelação corrobora com o que foi antecipado pela delegada Socorro Portela na última terça-feira (25). Naquela ocasião, a presidente do inquérito afirmou que, nos depoimentos que tomou de pessoas que trabalharam para o casal, "Marcelo tinha bastante ciúmes, inclusive da criança, pois ela tomava muito o tempo da mãe".
Ana Paula revelou que a filha mais velha do casal, de sete anos, está sob os cuidados da família de Adriana. Conforme a tia da menina, a criança já foi informada sobre as mortes. Porém, não sabe ainda sobre o que aconteceu ao pai.
"Ela está sendo bem cuidada por nós, e espero que continue para a vida toda, pois é o melhor lugar. Ela está com médicos e psicólogos dando todo o suporte. Mas ela está triste, abalada. E está sabendo da realidade, que a mamãe e a Jade faleceram, só não sabe por quem. Ainda não foi dito. Ela só diz que está com muita saudade da mãe", informou, emocionada.
O pai de Adriana, Paulo Pessoa de Carvalho, foi o primeiro a prestar depoimento. O encontro dele com a delegada durou cerca de três horas.
Conforme o advogado que representa a família, Leandro Duarte Vasques, o homem fez revelações que podem levantar novos questionamentos e até apontar para outros indícios. Vasques acredita que o crime pode ter sido premeditado.
"Na véspera da ida do casal Marcelo e Adriana com as demais pessoas para a casa de praia, Adriana chegou a indagar ao pai, na presença do marido, se ele iria também (a Paracuru), e nessa ocasião, antes de responder, o pai foi interrompido por Marcelo, que indagou o motivo de estar convidando o pai se nem sabia que ele queria ir. Isso, sem dúvidas, simboliza uma premeditação, pois é muito incomum alguém ir celebrar o aniversário e se isolar, principalmente quando não havia um mal estar, uma intriga familiar, muito pelo contrário. Apenas com seu irmão presente, levar a uma casa distante consideravelmente de Fortaleza, em minha leitura, isso é prova inequívoca que ele premeditava o crime e tentava, portanto, evitar a presença de familiares da Adriana na cena da tragédia", apontou, enfatizando que na casa estavam, além do casal e as crianças, o irmão de Marcelo, Rafael Moraes, e a esposa, Ana Carolina.
O advogado ainda sugeriu que o casal teve, há alguns meses, problemas de infidelidade. Marcelo, conforme Vasques, tinha uma amante. "Ele próprio admite que teve um relacionamento extraconjugal há três ou quatro meses que teria causado um abalo, uma turbulência no casamento, mas que eles estariam recomeçando a conversar de novo. Mas o casal não estava nos seus melhores dias", afirmou. A presidente do inquérito, por sua vez, não confirmou a informação do advogado.
Investigação
Socorro Portela, que já foi a Paracuru duas vezes, disse que já colheu "pelo menos 35 depoimentos" de domingo até ontem.
Nas investigações, foram encontradas nove armas de fogo na casa de Marcelo, no bairro Cocó, em Fortaleza, além do revólver calibre 38 utilizado para matar as vítimas. Adriana foi morta com um tiro na cabeça na cama em que dormia. Jade foi atingida por um disparo nas costas e morreu dentro do berço.

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