As unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda são os
principais equipamentos procurados pelos brasileiros quando apresentam alguma
enfermidade. Um SUS que acumula demandas, êxitos e problemas no Brasil inteiro
e que no Ceará estão intensificados, nos últimos tempos. Conquistas e gargalos
evidenciados na Pesquisa Nacional da Saúde 2013, realizada pelo Ministério da
Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
divulgada ontem. Conforme o levantamento, o Ceará registra o nono maior índice
de internação pelo SUS no Brasil, garante medicamento para 42,2% dos pacientes
atendidos na rede pública, mas tem um índice negativo de 78 mil pessoas não
atendidas nas duas redes (privada e pública), sendo 40,3% delas devido à
ausência de médicos.
O amplo levantamento mensurou, dentre outros, o acesso e uso de
serviços de saúde, a cobertura de planos de saúde, as internações nos sistemas
público e complementar e motivos que justificaram o não alcance da população a
consultas. A PNS usou como base uma amostra mestra da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD).
No período analisado, 15% da população brasileira necessitou de
atendimento médico. No Ceará, 1.160.000 pessoas procuraram os serviços. Destas,
93% cearenses conseguiram. Porém, outras 78 mil pessoas que procuraram as
unidades em decorrência de doença, continuação de tratamento, exame
complementar de diagnóstico ou outro atendimento preventivo não tiveram êxito.
A ausência de médicos motivou 40,3% dos não atendimentos, seguido
pela falta de vagas (36,6%). Outros motivos, como carência de profissional
específico para atender, não poder pagar pela consulta ou não funcionamento do
serviço de saúde justificaram 22% da falta de assistência. O Estado registrou o
sexto maior índice de não atendimento no Brasil e o segundo no Nordeste. Apenas
pacientes de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Paraná
apresentaram cenários piores.
Em Fortaleza, 340 mil pessoas buscaram assistência, no período
analisado na pesquisa e 92,8% das pessoas foram atendidas. É o terceiro menor
índice dentre as capitais do Brasil. A capital cearense superou apenas Maceió
(AL) e Boa Vista (RR). Do total de usuários que buscaram a rede pública e
privada, 32 mil não conseguiram ser recebidos. Em 45,7% das situações, o não
atendimento foi devido à falta de médicos.
Internações
Um outro cenário onde o Ceará aparece em destaque no levantamento,
sobretudo, nas demandas pelo SUS, são as internações. Gargalos expostos, com
intensidade nas últimas semanas, as internações em hospitais no Ceará por mais
de 24 horas foram demandas por 464 mil pessoas, no período analisado na
pesquisa. É o nono maior índice de internações em número absolutos do Brasil.
Do total de internações no Ceará, 382.000 foram pelo SUS, o que
representa, em números absolutos, o sexto maior índice do SUS no Brasil.
Diante do total de hospitalizações, o SUS concentrou 82,3% dos
procedimentos. Fortaleza também se destaca nas internações pelo sistema
público, sendo em números absolutos, a quinta capital que mais registrou
internações em leitos financiados com dinheiro público, com 82 mil
procedimentos.
Um impasse constante, mas que nos últimos meses também foi
evidenciado pelas queixas, é a falta de remédios em unidades básicas na
Capital. Em Fortaleza, segundo a PNS, do total de pessoas que receberam
atendimento médico, 52 mil conseguiram obter medicamento pelo SUS, o que
equivalente a 28,5% do total. No Brasil o índice de acesso a, pelo menos, um
medicamento foi de 92,4%. No Ceará, 320 mil pessoas - 42% dos atendidos -
obtiveram no serviço público de saúde, pelo menos, um dos medicamentos
receitados na última assistência.
Conforme o Ministério da Saúde, as informações da PNS serão
utilizadas para subsidiar a formulação das políticas públicas nas áreas de
promoção, vigilância e atenção à Saúde do SUS, alinhadas ao "Plano de
Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis
no Brasil, 2011-2022".
Thatiany
nascimento/Luana Lima
Repórteres
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