O Ceará não vive surto de meningite. Pelo contrário, o número de
casos dos primeiros cinco meses do ano é menor do que o do igual período do ano
passado. Em sua forma mais grave, a meningocócica, foram 12 confirmações e duas
mortes (em abril de paciente de Itaitinga internado no Hospital São José e um
óbito em maio de paciente também de Itaitinga, internado no Frotinha de
Messejana), em 2015. Já no ano passado, houve 17 ocorrências entre janeiro e
maio de 2014, com três óbitos
Sobre o assunto, a Secretária da Saúde do Estado (Sesa) divulgou
nota técnica e esclarece que, considerando as faixas etárias dos acometidos por
doença meningocócica, a maior incidência nos anos de 2012 a 2014 foi entre os
menores de um ano.
Já em 2015, a preocupação maior está na faixa etária dos 15
aos 29 anos. "O que é justificada pela ocorrência da doença em populações
mais vulneráveis neste ano, tendo sido registrado a ocorrência de quatro casos
em dois presídios do Estado", afirma.
O órgão de saúde estadual salienta que, em 2014, após o mês de
maio, não ocorreram mais mortes por doença meningocócica. Em todo o ano
passado, ocorreram mais quatro casos, um no mês de junho e os três últimos no
mês de agosto.
"A meningite é considerada uma doença endêmica no Ceará e no
Brasil. Casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência
de surtos e epidemias ocasionais, sendo mais comum a ocorrência das meningites
bacterianas no inverno e das virais no verão", aponta o gerente da Célula
da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Fortaleza (SMS), Antônio
Neto.
Vacina
No entanto, alerta, como a doença apresenta essa característica, a
vacinação é uma das formas de proteção. Ele ressalta que no calendário nacional
de imunização, do Ministério da Saúde, três vacinas protegem contra as formas
da doença, principalmente da mais perigosa.
"Temos a Pentavalente como uma prevenção para a meningite e
outras infecções. Ela também confere proteção contra a difteria, tétano,
coqueluche e hepatite B. Além dela, existem a meningocócica conjugada C e a
pneumocócica conjugada 10-valente. Todas são recomendadas para crianças a
partir dos 2 meses de idade", assinala Antônio Neto.
A meningite, explica o médico, é um processo inflamatório das
meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser
causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus, parasitas e
fungos, ou também por processos não infecciosos. "As meningites
bacterianas e virais são as mais preocupantes, do ponto de vista da saúde
pública, devido à capacidade de ocasionar surtos, e no caso da meningite
bacteriana, a gravidade dos casos", diz.
A meningite meningocócica é causada por bactéria. Além de provocar
doenças, o meningococo é encontrado (sem causar males) no nariz e na garganta
de 10% a 25% da população. Quem carrega a bactéria nessas regiões é chamado
portador assintomático. A maioria deles não adoece, mas pode transmitir essa
infecção potencialmente fatal a outras pessoas através de secreções
respiratórias, da saliva expelida ao tossir e espirrar, ou outras formas de
contato próximo.
Sintomas
Os principais sinais e sintomas da meningite são febre alta que
começa abruptamente, dor de cabeça intensa e contínua, vômito, náuseas, rigidez
de nuca e manchas vermelhas na pele.
Após a avaliação médica e análise preliminar das amostras
clínicas, o paciente fica internado e recebe tratamento de acordo com o agente
etiológico identificado.
No caso de meningite bacteriana, o tratamento é realizado com
antibióticos específicos. Existem medidas de prevenção primária, tais como
vacinas e quimioprofilaxia. As vacinas estão disponíveis para prevenção das
principais causas de meningite bacteriana. Outras formas de prevenção incluem
evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e limpos.
No Ceará, informa a Sesa, por meio da nota técnica, o primeiro
caso confirmado de doença meningocócica ocorreu em 1980. O maior pico de
transmissão da doença ocorreu no ano de 1994. Após essa epidemia, a redução do
número de casos se mantém de forma sustentada, com picos nos anos de 1996,
2000, 2004, 2008, 2011 e 2012. No ano passado, dos 15 casos confirmados, nove
ocorreram em Fortaleza e seis no Interior do Estado. Neste ano, até maio, a
distribuição se inverte, com dois casos em Fortaleza e nove nos outros
municípios.
Lêda
Gonçalves
Repórter
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