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segunda-feira, 9 de março de 2015

ONU: Educação fortalece mulheres

Brasília/Pequim. A promoção da educação e da capacitação de mulheres é um dos pontos para atingir a igualdade de gênero. A Plataforma de Ação de Pequim, criada em 1995, estabelece ações para auxiliar os países nessa temática.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, entidade para a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres da Organização das Nações Unidas, Nadine Gasman, lista alguns itens no documento. "As mulheres têm que ter acesso a uma educação não sexista, de qualidade. Os currículos têm que ser reformados e haver investimento para que professores e professoras saibam como educar de uma maneira não sexista", pontua.

Atributos e qualificação
A pesquisadora e doutoranda em política social na Universidade de Brasília, Marjorie Chaves, explica que as mulheres têm avançado na questão de tempo de estudo e conclusão do nível superior, mas ainda ocupam áreas específicas, como a de humanidades, saúde, educação e serviço social. "Prevalecem princípios pelos quais as mulheres são associadas a profissões que requerem atributos femininos como delicadeza e paciência".
Muitas dessas áreas têm menor remuneração e é preciso fazer uma mudança começando pela educação básica.
A representante da ONU Mulheres aponta que o Brasil tem apresentado grandes avanços educacionais nos últimos 20 anos ao criar programas e políticas e garantir o acesso de mulheres. Para Marjorie, um dos desafios é o incentivo ao aumento de mulheres em áreas como engenharia e ciências básicas.
A astrofísica Thaisa Bergmann venceu dificuldades e ganhou espaço na profissão, uma área em que existem poucas mulheres. Com estudos sobre 'buracos negros', a pesquisadora foi uma das vencedoras da 17º edição prêmio internacional Para Mulheres na Ciência, promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e pela Fundação L'Oréal.
A coordenadora de Educação da Unesco, Rebeca Otero, ressalta a diversificação. "Algumas profissões, como engenharia, são ainda muito masculinas.
Tem toda uma questão cultural que, aos poucos, temos que ir desmistificando para que a mulher possa ter acesso a essas carreiras, tendo uma remuneração equiparada com outra pessoa do sexo masculino".
A diferença salarial é outro desafio. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012, no mercado formal, o rendimento dos homens era R$ 2.146,00. Já o das mulheres, R$ 1.614, mesmo com aumento da escolaridade.
Mercado de trabalho
Segundo uma análise do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) com base em dados do Censo da Educação Básica (2013), as mulheres são maioria em cursos técnicos e houve aumento na procura por cursos na área industrial.
Raiane da Silva, 25, fez o curso técnico de segurança no trabalho. Entre as 20 pessoas formadas, apenas cinco eram homens. Hoje, ela trabalha em uma obra e diz que é tratada com igualdade pelos colegas, mas revela que teve dificuldade de encontrar emprego na construção civil.
Para Márcio Guerra, "a expectativa é que a médio e longo prazo o mercado vá se harmonizando e esses diferenciais diminuam. Isso vai depender da qualidade da qualificação, da produtividade e das transformações que a sociedade precisa passar".
Combate à violência
A educação e a capacitação podem auxiliar no combate à violência contra as mulheres. Rebeca Otero diz que existe um contingente de mulheres com baixa escolaridade e é preciso investir no empreendedorismo e na geração de renda para que elas conquistem liberdade financeira.
"Apesar dos avanços, de termos mulheres na escola, formadas, doutoras, ainda há casos de dependência e de violência. E muitas vezes a mulher tolera porque não tem como se sustentar se ela se separar daquela relação", esclarece.
Pequim +20
Em setembro de 1995, a China sediou a IV Conferência Mundial sobre a Mulher. Foi realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e teve como resultado a Plataforma de Ação de Pequim. Para comemorar os 20 anos do documento, a ONU Mulheres propôs aos países uma avaliação dos avanços alcançados com a implementação da plataforma. O processo recebeu a denominação de Pequim+20.
A plataforma foi adotada por 189 governos e aponta medidas relacionadas a 12 áreas temáticas para que os países avancem na busca pela igualdade de gênero. "Uma das características foi o reconhecimento de mudar o foco do tema das mulheres para o tema do conceito de gênero que tem intrínseca a questão da relação entre homens e mulheres e a importância de entender a questão de poder entre homens e mulheres", diz a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman.
A diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, acredita que um reflexo importante da conferência para o Brasil foi mudança na visão do debate. "Tínhamos um conhecimento sobre o contexto de desigualdade das mulheres revelado e desvelado pela ação dos movimentos desde o final dos anos 70. Com a conferência, passamos a contar com o reconhecimento dessa desigualdade pelo estado brasileiro (Executivo, Legislativo e Judiciário)".
A comemoração dos 20 anos da plataforma será realizada durante a 59ª Comissão sobre a Situação da Mulher e no Dia Internacional da Mulher.
A ideia é que, em setembro, na Assembleia Geral da ONU, o combate à discriminação da mulher seja reforçado pelos países nas ações da agenda pós-2015, que dará continuidade aos trabalhos iniciados com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/internacional/onu-educacao-fortalece-mulheres-1.1239351

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