Rio de Janeiro. A presidente Dilma Rousseff (PT) disse, ontem, em cerimônia no Porto do Rio, não temer o acirramento dos ânimos nas manifestações previstas para domingo (15) em várias capitais do país.
"Eu sou de uma época - sempre repito isso- em que a gente não podia manifestar. Quem manifestasse era preso. O Brasil se fechou e caiu numa ditadura. A gente hoje tem que olhar para a manifestação com absoluta tranquilidade", disse a presidente.
Segundo Dilma, o que não se pode permitir são atos de violência. "Nós não podemos aceitar violência contra pessoas ou patrimônio. Vocês foram vítimas disso em um momento", disse a presidente lembrando a morte do cinegrafista Santiago Andrade em fevereiro de 2014, numa manifestação na região central do Rio de Janeiro.
Sobre se adversários políticos estariam por trás dos atos, a presidente disse que o trabalho de descobrir isso é competência da "imprensa investigativa".
Imagens da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência no ano passado ilustram vídeos com chamados às manifestações. Colaboradores da área de propaganda do tucano constam entre os difusores do material.
Os tucanos apoiam os protestos, mas dizem que o impeachment não está na agenda do partido. O DEM também declarou apoio às manifestações, mas não informou se quer ou não a saída da presidente.
O Solidariedade, de Paulinho da Força (SD-SP), lançou ontem uma campanha pelo impeachment da presidente Dilma.
Segurança
Dilma esteve ontem com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o governador Luiz Fernando Pezão e vários políticos e empresários na inauguração da ampliação do Porto do Rio. Apesar do temor da segurança presidencial de manifestações contra a presidente, nenhum ato ocorreu. A escolha do local garantiu a tranquilidade da comitiva. O local fica embaixo da ponte Rio-Niterói, numa área em que o acesso é controlado.
Apenas 250 convidados, segundo a organização, tiveram acesso à área do evento. Destes, 50 eram funcionários. Apenas 30 foram selecionados para selfies com Dilma Rousseff.
Após as fotos, eles foram encaminhados ao local para receber os convidados.
Do lado de fora, barcos da Marinha e do Exército cuidavam da segurança, enquanto homens do esquadrão anti-bombas da Polícia Civil vistoriavam veículos - inclusive os poucos carros de imprensa que tiveram acesso à área.
As melhorias no porto possibilitarão, segundo os investidores, em um aumento da capacidade de carga do Porto do Rio. A obra terá, de acordo com a prefeitura do Rio, impacto direto sobre a importação e exportação de veículos e mercadorias armazenadas em contêineres.
A previsão é de que sejam gerados 5.000 postos de trabalho.
Combate à crise
A presidente Dilma Rousseff admitiu, também ontem, que as políticas de estímulo à economia sacrificaram as contas públicas.
De acordo com a presidente, essa política se baseou em desonerações fiscais e oferta de crédito. "Nós esgotamos todos os nossos recursos de combater a crise que começou em 2009 e que nós combatemos contra todas as características que são próprias da crise internacional deste período. Quais foram elas? Um elevadíssimo desemprego nas nações atingidas, uma redução violenta da taxa de crescimento. Não deixamos que isso acontecesse no Brasil".
Cheiro de golpe
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, considerou "inadmissível" que as manifestações programadas para domingo levantem a bandeira de um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Cheira a golpe", comentou Vargas. Ele argumenta que houve uma eleição legítima e as tentativas de questionar a legitimidade das eleições todas foram negadas pela Justiça Eleitoral. "A tentativa de questionar é golpe à democracia. Não podemos aceitar isso. Há uma presidente no exercício do seu cargo ungida pelas urnas", enfatizou.
"E falar em impeachment é desrespeitar a vontade majoritária da população brasileira que foi às urnas, é algo que cheira a golpe e isso é inadmissível", ressaltou o ministro.
Único representante do Palácio do Planalto no encontro, realizado na casa do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), Pepe Vargas defendeu ainda a decisão da presidente Dilma de ampliar o núcleo político do governo, que passará a contar com a participação do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSB), do ministro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PCdoB) e do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha.
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/nacional/manifestacoes-sao-boas-diz-dilma-1.1243141
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