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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Azeredo renuncia à vaga na Câmara

Atitude de deputado é vista como uma manobra para adiar sentença de caso e blindar Aécio Neves
Brasília. Denunciado no caso do mensalão mineiro com pedido de pena de 22 anos de prisão pelo Ministério Público, o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) renunciou ontem ao cargo de deputado federal.

Com a decisão, o processo contra Azeredo deve deixar o Supremo Tribunal Federal (STF) e seguir para a justiça mineira, significando, na prática, um alívio para a candidatura do presidenciável tucano, o senador mineiro Aécio Neves. O julgamento pelo Supremo estava previsto para este ano e o debate às vésperas do período eleitoral constrangia o PSDB.
Com base em precedentes do tribunal e o histórico de votação de atuais ministros em casos análogos são grandes as chances de o processo ser remetido para a primeira instância. O relator, ministro Luís Roberto Barroso, tem a prerrogativa de tomar a decisão sozinho, mas deve consultar o plenário da Corte para se respaldar. Ele deverá apoiar o encaminhamento do caso para a justiça mineira.
Barroso preferiu não fazer juízo de valor se o deputado tentou ou não burlar o julgamento pelo STF. "Quando a manipulação é clara, acho que o Supremo não deve admitir. Não estou dizendo que acho que houve manipulação. Ainda não examinei", disse.
Desde 7 de fevereiro, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendou a prisão de Azeredo por mais de duas décadas, as declarações públicas do agora ex-deputado tinham sido sempre na linha de que é um "homem de bem". Mas passaram a constranger o partido quando ele passou a comparar sua situação com a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mensalão federal. A partir daí, o PSDB liderou uma operação para que ele submergisse.
O caso mais evidente disso foi quando Azeredo anunciou que faria um discurso no plenário da Câmara para se defender. Depois, desistiu. A justificativa oficial foi a de que teve uma crise de pressão arterial.
Na carta de renúncia, Azeredo mencionou as pressões políticas que vinha sofrendo. "Não vou me sujeitar à execração pública por ser um membro da Câmara e estar sujeito a pressões políticas", afirmou, em carta entregue ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), por seu filho Renato.
Ele voltou a se comparar a Lula: "Insisto em que as responsabilidades de um governador são semelhantes e proporcionais às de um presidente."
No fim da tarde, o presidente do PSDB de Minas, Marcus Pestana, fez um discurso em defesa de Azeredo. Disse que a ação contra o colega, conhecida por "mensalão do PSDB", não tem nada a ver com o outro mensalão, o que envolveu o PT e os partidos da base aliada do ex-presidente Lula em 2005. "A ação judicial está em boas mãos, e a defesa está confiante absolvição", disse Pestana.
Parlamentares petistas, no entanto, procuraram se vingar do PSDB. O líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que a atitude de Azeredo visou a preservar a candidatura tucana. Irmão do ex-deputado José Genoino, o vice-presidente do PT, José Guimarães (CE), disse que é fundamental garantir a Azeredo "a Justiça que foi negada ao PT".
A renúncia vai assegurar uma cadeira na Câmara ao ex-deputado Edmar Moreira (PTB-MG), conhecido nacionalmente como o "deputado do castelo".
Copilado do Diário do Nordeste

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