Quixadá. O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Ceará (Iphan-CE) não reconhece o
sítio apresentado pelo advogado e pesquisador autodidata, Valdecy Alves, como
mais um achado de importância histórica. Reportagem sobre o tema foi publicada
na edição de ontem do Caderno Regional, deste jornal.
As formações rochosas são
avaliadas por pesquisador autodidata como prováveis "dólmens", mas o
Iphan acredita tratar-se de apenas rochas muito comuns na região Centro do
Estado FOTO: ALEX PIMENTEL
Segundo a arqueóloga do
Instituto, Verônica Pontes Viana, trata-se de formações rochosas muito comuns
na região Centro do Estado, similares às existentes em Quixadá e cidades
vizinhas. A especialista analisou imagens recebidas pela superintendência do
órgão federal no Ceará. Para ela não há necessidade de seguir até o local para
efetuar os levantamentos oficiais. Pelas imagens, apresentam característica de
rochas graníticas, do período pré-cambriano.
Este período está
compreendido entre o aparecimento da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos,
até o surgimento de uma larga quantidade de fósseis, que marca o início desta
época da era paleozóica, há cerca de 540 milhões de anos.
Ainda de acordo com a
arqueóloga, as formações minerais expostas pelo pesquisador como dólmens não
apresentam nenhuma característica de ação humana em épocas muito remotas. Para
ela não são portais pré-históricos. As formações por si, apresentando formatos
assemelhados a animais, como uma tartaruga e uma lagarta, foram esculpidas pela
ação natural, ao longo dos anos, conforme assegura. Porém admitiu que, somente
havendo alguma prova mais concreta será possível seguir até o Sítio Pedras
Grandes, em Senador Pompeu, para colher amostras e dar início a uma pesquisa de
constatação.
Mesmo assim, a arqueóloga
considerou a iniciativa do advogado pesquisador importante.
Como o Iphan no Ceará possui
apenas um especialista em culturas e modos de vida do passado a partir da
análise de vestígios materiais, para estudar as sociedades já extintas, através
de seus restos materiais, sejam estes móveis ou imóveis, curiosos e apaixonados
pelo tema, como Valdecy Alves, auxiliam de forma significante nos trabalhos
preliminares, evitando deslocamentos desnecessários.
"O Iphan recebe com
frequência esse tipo de material para apreciação", completou.
Apesar da análise da
representante do Iphan, Valdecy Alves disse não se sentir desestimulado. Ele
pretende apresentar sua pesquisa a outros especialistas. Afirmou que, se for
necessário, buscará auxílio no exterior.
Ele já conheceu, no início
do ano, alguns dólmens famosos, como o de Stonehenge, na Inglaterra, um lugar
sagrado feito de pedras, uma espécie de templo religioso e calendário
astronômico com milhares de anos. Ele garante ter encontrado cinco dólmens em Senador
Pompeu. Acredita existirem muitos outros. "Com o interesse de algum
arqueólogo, esses achados podem ter mais atenção", disse.
Recentemente, o Iphan
comprovou a existência de uma comunidade pré-histórica, no sítio arqueológico
do Evaristo, em Baturité, a 90Km de Fortaleza. As primeiras amostras de carvão
analisadas, colhidas em vasilhas cerâmicas e do crânio de um esqueleto,
apresentaram idades entre os anos 1280 e 1300 da era cristã. Para chegar a este
resultado, as amostras foram datadas pelo método do Carbono 14, no Laboratório
Beta Analytic (EUA). A pesquisa é financiada pelo Iphan e teve início em março,
atendendo às reivindicações da Comunidade Quilombola da Serra do Evaristo. A
descoberta ganhou destaque neste jornal, na edição de 1º de setembro.
Colaborador
Alex Pimentel
Copilado do Diário do Nordeste
Copilado do Diário do Nordeste
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