Uma nova estratégia de
pesquisa para o controle da dengue pode terminar com a transmissão do vírus
pelo Aedes Aegypti. Isso a partir da introdução de uma bactéria natural, que é
encontrada em insetos, nas populações locais de mosquitos. O projeto 'Eliminar
a Dengue: Desafio Brasil' faz parte do programa internacional 'Eliminar a
Dengue: Nosso Desafio', apresentado, nesta segunda-feira, durante Congresso
Internacional de Medicina Tropical, no Rio de Janeiro.
A pesquisa está em fase
de testes na Austrália, Vietnã, Indonésia e agora, no Brasil. Os cientistas
demonstraram em laboratório que quando a bactéria Wolbachia é introduzida no
Aedes Aegypti, atua como 'vacina' para o mosquito, bloqueando a multiplicação
do vírus dentro do inseto. Com isso, a transmissão da doença é impedida. O
pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira explica a diferença deste projeto para
os métodos já utilizados anteriormente.
"É um projeto que
envolve um método natural, que é uma bactéria que já está presente na natureza
em vários insetos no mundo todo. Outra coisa é que é um método que a gente pode
chamar de autossustentável porque a partir do momento que os mosquitos têm essa
bactéria, eles passam para as próximas gerações de mosquitos a bactéria
Wolbachia, então rapidamente ela se espalha na natureza.
E o terceiro ponto
bastante importante é com relação a ser sem fins lucrativos, então não vai ser
vendido mosquito que tenha essa bactéria. Os mosquitos vão ficar na natureza e
vão passar essa bactéria para as próximas gerações."
O secretário de Vigilância
em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, acredita que o projeto é uma
ferramenta a mais para o combate a dengue no país.
"O Ministério da Saúde
vem investindo tanto para aperfeiçoar os mecanismos de controle da dengue já
existentes, melhorar a qualidade do trabalho de campo, melhorar a assistência
aos pacientes de dengue o que possibilitou a redução da mortalidade por dengue
em mais de 60 por cento em nosso país.
Mas o ministério também quer novas
ferramentas de combate à dengue, por isso nós estamos apoiando o
desenvolvimento de vacinas contra a dengue no Brasil, e também pesquisas como
essa que se confirmarem os resultados de laboratório que forem observados em
campo nós poderemos ter no futuro mais uma ferramenta muito importante de
combate a dengue."
Se atingir as expectativas,
o programa de eliminação da dengue poderá beneficiar dois bilhões e meio de
pessoas, ou seja, dois quintos da população mundial que atualmente vivem em
áreas de transmissão da doença, entre elas o Brasil. Presente em cerca de 70
por cento dos insetos no mundo, a bactéria Wolbachia não oferece riscos para a
saúde humana ou para o ambiente.
Fonte: Agência do Rádio
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