Dentre as aplicações
atreladas à Selic, a Poupança continua sendo a melhor aplicação no curto prazo.
A redução dos juros promovida pelo Governo Federal é o marco que a presidente
Dilma quer deixar de juro real civilizado.
aproximadamente, 95 milhões
de pessoas físicas (CPFs) estão cadastradas na poupança. O economista Ênio Arêa
Leão fez uma simulação (ver gráfico) destacando a rentabilidade entre poupança
e a Letra Financeira do Tesouro (LFT), que são aplicações atreladas à Selic
(Taxa Básica de Juros). Segundo ele, no curto prazo, a poupança é mais
vantajosa mas à medida que esse prazo aumenta, ocorre o contrário.
O economista concorda com as
novas regras criadas para a aplicação na poupança. “Essa era uma barreira para
a redução dos juros no Brasil. Esse 0,5% ao mês vem desde 1863, do reinado de
Dom Pedro II (1825 a 1891). Não havia uma base técnica para sua manutenção. Ter
uma aplicação que dava 0,5% ao mês, sem risco algum, gera um patamar mínimo de
juros no Brasil. Agora que essa remuneração é variável é possível baixar os
juros no país”, avalia.
O vice-presidente do
Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef-CE), Delano Macedo, tem a
mesma opinião. Ele diz que a redução dos juros promovida pelo Governo Federal é
o marco que a presidente Dilma quer deixar de juro real civilizado e que estava
sendo impedido pela poupança.
Para ele, mesmo que o Banco
Central avance na redução dos juros, se não houvesse mudança na poupança, seria
tendência natural a migração de outras aplicações para ela. “Os recursos para
alguns tipos de investimentos – como a compra de títulos públicos – levaria o
Governo a ter dificuldade de rolar a sua própria dívida pública”, diz Macedo. E
também faltariam recursos para ser investidos em todos os outros setores da
economia, pois os da caderneta são, na maioria, para investimentos em negócios
imobiliários. “Mexer nela é delicado, mas não mexer causa impactos muito mais
graves em outros aspectos da economia”, diz o executivo.
A remuneração da poupança
alterará sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano. Hoje, a taxa está em
9%. “Minha preocupação era que o Governo ficasse alterando os rendimentos da
poupança a todo momento. Imagine fazer uma operação imobiliária para daqui a 20
anos e as regras da remuneração mudarem o tempo todo? A alteração poderia gerar
prejuízo ao credor imobiliário lá na frente. Mas os contratos imobiliários que
vierem a ser feitos dentro das novas regras, diminuirão o impacto desse
descasamento”, afirma Macedo.
Fim das distorções
Sobre a questão do
financiamento imobiliário, o economista Ênio Leão diz que o Governo Federal
gerou um teto para a remuneração da poupança. Sempre que o juro básico estiver
acima de 8,5% a remuneração da poupança permanece na regra anterior de 6% + TR
(Taxa referencial). “Então, não tem esse risco de aumentar os juros para
dificultar o crédito imobiliário. Outro ponto é que esse crédito, no Brasil,
deverá ser financiado pelos investidores privados e essa operação se tornará
mais atrativa se os juros permanecerem mais baixos”, diz.
Essa regra da poupança
equalizará, segundo Delano, uma situação de distorção quando os juros começarem
a cair. “Esse reajuste foi para acomodar a convivência entre a poupança e os
outros investimentos, como sempre existiu, conclui.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
As regras da caderneta de
poupança eram uma barreira para a redução dos juros no Brasil. A rentabilidade
de 0,5% ao mês vem desde 1863, do reinado de Dom Pedro II (1825 a 1891)
SERVIÇO
A Caixa Econômica Federal
disponibiliza atendimento para eventuais dúvidas
SAC CAIXA: 0800 726 0101
Site: www.caixa.gov.br
Ou nas agências
Multimídia
As mudanças na caderneta de
poupança foram o Tema do Dia na cobertura de ontem dos veículos do Grupo de
Comunicação O POVO.
Saiba mais:
Para escutar - Em entrevista
ao jornalista Nonato Albuquerque, no programa Grande Jornal, da rádio O
POVO/CBN (AM 1010), o economista Célio Fernando explica as mudanças anunciadas
pelo Governo. Já no programa Revista O POVO/CBN, a jornalista Alexandra Souza
conversou com o economista Henrique Marinho. Confira em http://bit.ly/Kwexbr
Para ler - Acompanhe a
repercussão do tema entre os internautas na página do O POVO Online no
Facebook. http://on.fb.me/IBHxSN
Comentários
Confira os comentários dos
internautas no fórum da seção Você Faz O POVO, do portal O POVO Online
(http://www.opovo.com.br/vocefazopovo/forum/)
Cautela
“Creio que o governo agiu
com muita cautela, tendo em vista o sucesso consolidado de muitos anos que a
caderneta de poupança adquiriu, é um risco muito grande mudar algo que de muito
longe ganhou o respeito e a confiança do brasileiro, todavia com esta nova
política do Estado em reduzir os juros entraria em choque com o crescimento
econômico.”
César Araújo
Rendimentos
“O Governo não dá ponto sem
nó. Como todo e qualquer hipócrita demagogo, resolve reduzir os juros bancários
e do comércio, mas em via dupla, mexe na caderneta de poupança reduzindo os
rendimentos. Conclusão: tira do pobre pra ajudar o rico, sem arcar com nada,
nem ter prejuízo algum.”
Estefania Luiza
Saiba mais
Mudanças são um salto do
País rumo ao mundo civilizado
O vice-presidente do
Ibef-CE, Delano Macedo, acredita que o que deve acontecer com a redução dos
juros como um todo é, muito provavelmente, haver um direcionamento das
aplicações para a renda variável (Bolsa de Valores) e investimentos
diferenciados, por exemplo, os fundos de crédito privado.
Para o diretor de estudos
econômicos do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece),
Adriano Sarquis, o Brasil deu um salto na direção dos países desenvolvidos com
o esforço do Governo em baixar a taxa Selic. “É um política que poucos
presidentes tiveram coragem de fazer”, afirma. Sarquis explica que, se a
presidente Dilma Rousseff operou mudanças nos rendimentos da poupança é para
evitar a descapitalização do País.
“Como a tendência é ir
reduzindo a taxa básica de juros, os títulos públicos ficam menos atrativos e
os investimentos estrangeiros acabariam migrando para a poupança. Se os
investidores tirarem recursos aplicados na renda fixa e deslocarem para a
poupança, vai se gerar um problema de financiamento do país. Por isso, é
preciso sim fazer essas mudanças”, defende o diretor do Ipece.
Mas ele acredita que a taxa
não vá descer para menos de 8,5% ou 8%, se o Governo conseguir convergir a
inflação para o centro da meta, 4%. “Todo o mercado espera essa queda, mas a
realidade aponta que, no começo do próximo ano, a Selic pode subir um pouco para
se controlar a inflação”, comenta Adriano Sarquis. Nesse andar, ele acredita
num crescimento de, no máximo, 3,5% da economia este ano e não 4% como projeta
o Governo.
Copilado do Jornal O Povo
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