As peças têm o selo da
Associação Carnaubeira e também podem ser encomendadas pelo site da organização
Limoeiro
do Norte. Nem só de água e esgoto vivem os canos PVC. A
criatividade artesã tem criado luminárias decoradas e gerado renda em Russas,
no Vale do Jaguaribe. O desenhista e artesão, Adauto Neto, decidiu viver do
negócio, vendendo as peças até para Fortaleza.
As luminárias têm o selo da
Associação Carnaubeira, responsável pela difusão de artistas cearenses e suas
produções. Em Jaguaribara, as mulheres de pescadores estão aumentando a
produção de utensílios com couro de peixe. Favorita na mesma jaguaribana, a
tilápia também é matéria-prima de bolsas, cintos e outros utensílios com couro.
"Eu vi na Internet
alguns modelos de luminárias feitas com canos, achei interessante e pensei: eu
posso fazer, e acredito que até melhor. Aí corri atrás". Adauto Neto aproveitou
que o pai, pedreiro, tem todo tipo de ferramenta em casa e concretizou o
projeto.
As luminárias de cano PVC
estão fazendo tanto sucesso que está difícil de dar conta. A produção acontece
na garagem de sua casa, e ele já precisa contratar auxiliares. "Sempre
tive interesse por trabalhos manuais. Depois que fiz a primeira peça, não parei
mais. As pessoas começaram a gostar, apareceu alguém para comprar e depois
decidi viver só disso", diz Neto, que já produziu cerca de 150 peças em
quatro meses.
Como sempre gostou de
desenhar, coloca a criatividade (e as sugestões dos clientes), desenha a lápis
no cano e, com um auxílio de uma furadeira, vai produzindo furos e formas às
frestas de luz. Uma de suas luminárias preferidas tem São Jorge no cavalo com sua
espada; outra tem desenhos infantis e nomes de pessoas. As peças são
encomendadas para casamentos, chás de bebês, aniversário e, para o dia das
mães, já foram feitas dezenas de luminárias com a imagem de Nossa Senhora de
Fátima.
Preços
As peças variam de R$ 60 a
R$ 600. A maioria das compras é feita por clientes individuais. "Mas eu
faço luminárias em todo tipo de tamanho. Até mesmo em grandes tamanhos, para
decorar eventos e casas", afirma. Suas peças estão em exposição e à venda
no site da Associação Carnaubeira, do Distrito de Flores, também em Russas.
Conforme já noticiado no
Caderno Regional, a Associação desenvolveu um selo cultural para divulgação da
arte cearense de forma colaborativa. Assim, uma loja virtual aproxima, pela
Internet, a sociedade em geral de produtos pouco conhecidos ou que precisam de
mecanismos próprios para chegar ao conhecimento do grande público: grupos
musicais, cordéis, gibis, livros e peças de artesanato. Os produtos podem ser
vistos no site http://www.somdascarnaubeiras.com. "A gente continua na
procura de mais produtos para divulgação e venda na loja virtual. O Neto tem
uma qualidade estética muito boa, é um produto funcional, o que é importante, e
é um artista local que merece o conhecimento", fala Talvanes Moura, presidente
da ONG.
A loja virtual está
divulgando o selo primeiramente por meio de camisas (podem ser adquiridas no
site) com quatro ícones da cultura nordestina: o cata-vendo, a carnaubeira, o
bumba-meu-boi e o violeiro.
"O pessoal da
Carnaubeira faz um trabalho muito bom de apoio aos jovens e à cultura local.
Eles convidaram para fazer parte do selo cultural e achei uma excelente forma
de divulgar o meu trabalho", ressalta o artesão. De desenhistas para
fazedor de luminárias personalizadas, Adauto Neto pretende até o mês de agosto
adquirir um estabelecimento para produção e venda dos produtos.
Couro da tilápia se
transforma em arte
Jaguaribara Do peixe
pescado, tudo dá. O peixe de água doce é prato certo na mesa do sertanejo como
o de água salgada é para os povos do mar. A tilápia produzida no açude
Castanhão continua conquistando espaço no Estado, passando a ser exposta em
várias peças nas vitrines cearenses.
Direto das mulheres de
pescadores, bolsas, cintos, porta-moedas e até sandálias do couro da espécie
são produzidos na Associação dos Produtores e Processadores de Peixes de
Jaguaribara e Lages (Aplages). Embora recente, a atividade continua em fase de
expansão. Com o apoio do Sebrae, as artesãs melhoram a venda, a produção e a
customização dos produtos.
Ainda é uma atividade
complementar à lida doméstica e na agricultura, mas está crescendo o interesse
por adornos e utensílios feitos com o couro da tilápia, incluindo
portarretratos, porta-cadernos e até álbuns de fotografia. A Aplages reúne
tanto pescadores quanto artesãos.
Feiras de negócios
Este segundo segmento está
mais especificamente localizado no Grupo Kardume de Artesanato, responsável
pelo beneficiamento do couro. Dezenas de peças são produzidas todo mês e
levadas para a venda em feiras de negócios e lojas e encomendas de clientes em
outras cidades. A preocupação do grupo é vencer a luta contra os
atravessadores. Na opinião da artesã Maria Helena, é uma forma de valorizar o
próprio trabalho, evitar que alguém ganhe em cima da criatividade alheia.
Os objetos variam de R$ 3,00
(um chaveiro em forma de borboleta) a R$ 90,00, no caso de bolsas femininas. As
artesãs tiveram a parceria do Sebrae na organização, uma estratégia para atrair
clientes e maiores vendas.
É a busca pela
originalidade, combinado ao associativismo. Dessa forma que membros da Aplages
participaram de capacitação desde a venda do pescado à comercialização das
peças de couro.
Estratégia
Esse aproveitamento em forma
de beneficiamento do couro existe em poucas comunidades pesqueiras do Brasil,
mas é uma estratégia contra o desperdício de uma parte do peixe que, antes, era
destinado ao lixo.
Em estágio mais avançado que
no Ceará, na Amazônia, até a "alta costura" já foi conquistada pelas
bolsas produzidas com couro do peixe pirarucu, contribuindo para a geração de
renda.
O Ceará está bem servido da
tilápia (é o maior produtor e consumidor do peixe), e o objetivo das artesãs do
couro é que melhorem os projetos e as políticas públicas para o desenvolvimento
da atividade, que tem várias características para promover uma expansão
econômica.
MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER
Copilado do Diário do
Nordeste
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