Em
abril, das 11 principais lavouras cearenses, seis apresentaram queda no Valor
Bruto da Produção
As
consequências da irregularidade de chuvas, neste ano, no Ceará, já são bem
evidentes sobre a agricultura, acarretando perdas em várias culturas. Segundo
cálculo da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgado na última quinta-feira, relativo a
abril, o Valor Bruto da Produção (VBP), que é a soma do montante das principais
lavouras do Estado, está estimado em R$ 1,51 bilhão, cifra em torno de 29%
abaixo da registrada para a safra de 2011, apurada em R$ 2,12 bilhões.
A
queda é a segunda maior dos últimos oito anos - abaixo de 2007, que havia sido
de 32,12%. Este resultado aparece como o pior do Nordeste, à frente de
Pernambuco e Paraíba, que tiveram retração de 2,02% e 1,52%, respectivamente. O
valor bruto da produção é obtido por meio das informações de safras e dos
preços. Os ajustes nas quantidades e nos valores mês a mês é que vão definindo
a estimativa de valor para o ano em curso.
Das
11 mais importantes lavouras do Ceará observadas pelo Mapa, em abril deste ano,
seis obtiveram queda no VBP. Os recuos mais expressivos foram registrados no
milho (-54,94%) e no feijão em grãos (-53,45%).
Lavouras
penalizadas
Para
o primeiro, o indicador está calculado em R$ 184,04 milhões, ante R$ 408,45
milhões em 2011. Já para o segundo, o VBP é de R$ 322,53 milhões, contra R$
692,82 milhões no ano anterior. Vale ressaltar que estas duas lavouras,
juntamente com o arroz, respondem por mais de 90% da produção de grãos em solo
cearense.
Além
destes, também apresentaram diminuição no Valor Bruto da Produção, o arroz em
casca (-28,23%), o algodão herbáceo (-20,51%), o café em côco (-17,01%) e ainda
a banana (-12,39%).
Quanto
aos aumentos, o maior destaque foi para a mandioca, cuja elevação no VBP foi de
27,88%. Para este ano, o valor calculado é de R$ 215,04 milhões, enquanto que
no ano passado foi de R$ 168,17 milhões. Ainda apresentaram avanços a
cana-de-açúcar (2,24%) e o tomate (1,32%).
Resultados
regionais
A
seca ocorrida no fim do ano passado e no início deste ano, no Sul, e a que
assola o Nordeste, tem provocado perdas em diversas lavouras. As informações de
safra referentes ao mês de abril mostram quedas de produção de feijão e milho
no Nordeste, entretanto, ao contrário da primeira, cujo VPB para 2012 aponta
para redução de 20,34%, na segunda, ainda deverá haver crescimento de 25,42%
neste ano, conforme o cálculo do indicador em abril último.
Melhor
situação
Estão
ajudando a puxar o VBP do Nordeste para cima estados como o Maranhão (157,39%),
Sergipe (25,84%) e Bahia (7,42%). As regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste
também apresentaram alta no VBP de 10,26%, 7,42% e 4,81%, respectivamente.
Faec
defende benefícios a todos os produtores
O
Presidente da Faec (Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará), Flávio
Saboya, afirmou que 100 mil produtores, no Estado, são beneficiários em
potencial de vários programas do governo federal, inclusive com medidas de
combate à estiagem, enquanto outros 200 mil que compõem a classe média não
estão incluídos de forma diferenciada nas iniciativas de combate à seca,
"como se a chuva escolhesse onde cair".
Ele
defende a necessidade de uma política intermediária que atenda ao pequeno e ao
médio produtores. Pelo atual modelo, para conseguir qualquer crédito acima de
R$ 12 mil, o médio produtor precisa de um projeto com laudo.
Hoje,
segundo Saboya, a venda do milho-balcão está sendo feita a R$ 21,00 para
produtores da agricultura familiar e R$ 31,00 para o médio produtor. Para o
pequeno produtor, o milho custa R$ 18,00. No momento, espera-se uma portaria da
Conab, regulamentando um preço mais equilibrado para todos.
Pleitos
No
intuito de conseguir melhores condições para a agricultura cearense, os
representantes do setor apresentaram, no último dia 15, propostas visando dar
um maior vigor para a atividade.
Implantar
uma central de produção de ração; diminuir imediatamente o preço do milho e da
soja; e uma política de juros mais baixas para o médio produtor estão entre as
medidas expostas durante o Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense
(Agropacto), realizado no auditório do Banco do Brasil.
Para
o secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado, Nelson Martins, está clara a
intensidade da estiagem que acomete o Estado do Ceará nesse ano. Com base
nisso, a SDA, ao lado da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), e Secretaria do
Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), levantou ações que foram levadas à
presidente Dilma Rousseff no ultimo dia 23 de abril, em Aracaju-SE. Foi
criado também o Comitê Integrado ao Combate às Secas, que já se reuniu três
vezes e tem procurado diminuir a burocracia.
Culturas
54,9
por cento foi a redução no VBP do milho no Estado. Juntamente com feijão e
arroz, essa cultura representa cerca de 90% de toda a produção de grãos
cearense, motivo pelo qual a safra desse ano deverá ser ruim
ANCHIETA
DANTAS JR.
REPÓRTER
Copilado do Diário do Nordeste
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