Objetivo
da pesquisa é saber das contribuições desses povos para a formação do
patrimônio cultural do Ceará
Urnas
funerárias, cerâmicas, contas de colares, machadinhos polidos e objetos de
pedra lascada estão entre os artefatos já encontrados na região serrana do
município de Baturité, a 90 Km
de Fortaleza, onde estão sendo feitas escavações, a partir de um trabalho
realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico no Ceará
(Iphan-CE). A pesquisa acontece desde março, no local chamado Sítio Funerário
Evaristo.
O
modo de vida dos habitantes do Ceará há muitos e muitos anos, suas celebrações,
as organizações sociais, e até mesmo o modo de tratamento dos mortos são apenas
algumas das características a serem desvendadas graças a esse trabalho.
O
Iphan espera, com o material recuperado, saber como esse povo contribuiu para a
formação do patrimônio cultural do Estado e do Brasil.
Segundo
Cláudia Oliveira, uma das arqueólogas responsáveis pelo trabalho, já foi
possível concluir que o local também era usado para a habitação, e não
exclusivamente como um cemitério. "A quantidade de machados polidos e de
fragmentos de cerâmica na superfície da área nos leva a essa conclusão",
diz.
Ainda
conforme a arqueóloga, a pesquisa entrará também em outros aspectos, para
saber, por exemplo, se a ocupação do local se deu em um único período ou em
vários. "É um trabalho super importante e, nessa primeira etapa, poderemos
traçar novas diretrizes para a continuidade da pesquisa", acrescenta.
Esqueleto
Um
dos destaques encontrados é o de um esqueleto humano que, de acordo com as
primeiras observações, seria o de um indivíduo adulto, com idade acima dos 50
anos, de físico relativamente robusto e depositado no interior de uma urna
funerária em posição sentada e com as pernas flexionadas.
A
expectativa, segundo a superintendente do Iphan, Juçara Peixoto, é de encontrar
ainda mais esqueletos, já que o local era um cemitério indígena. "Essa é
uma ação promissora e as notícias, até agora, são muito boas, mas ainda tem
muita coisa para ser descoberta e muito material a ser estudado", revela.
Junto
com o esqueleto, estavam fragmentos de recipientes cerâmicos, ossos de animais,
como tatus, lagartos, peixes, aves e pequenos carnívoros, assim como cinzas e
carvões, parecendo indicar restos de um ritual, possivelmente um banquete
funerário. Pequenas panelas, circunscritas a um sepultamento, também podem
indicar a realização desses rituais. Tudo está sendo analisado em um
laboratório improvisado no local.
Comunidade
Além
dos arqueólogos e técnicos, as escavações contam com o trabalho de sete
estudantes dos ensinos fundamental e médio, moradores da comunidade Quilombola
do Evaristo. Os jovens atuam na pesquisa e socialização dos resultados,
conforme previsto no edital Iphan-CE.
RENATO
BEZERRA
ESPECIAL
PARA CIDADE
Copilado
do Diário do Nordeste
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