Após 8 meses de uma rigorosa seleção, Ítalo Alves, 23 anos,
foi escolhido para integrar o Schwarzman Scholars, programa de mestrado
na Universidade de Tsinghua, na China. Para participar da primeira
turma- composta por 111 alunos de 32 países - cerca de 3 mil candidatos se
inscreveram em busca da bolsa de formação de uma rede de líderes globais.
O cearense, que cresceu no Conjunto Ceará, se orgulha de sua trajetória
ascendente através da educação. Em entrevista ao Diário do Nordeste,
ele conta que apesar de sempre ter estudado em escolas públicas, nunca se
limitou a dificuldades financeiras e estruturais para se acomodar. “Eu sou um
exemplo de como a educação tem poder. Reconheço que tive oportunidades que
outras pessoas não tiveram. Mas eu estava preprarado para enxergar essas
oportunidades quando apareceram e para agarrá-las”, conta o jovem que aos 17
anos ganhou uma bolsa de estudo integral para estudar em universidade nos
Estados Unidos.
Vítima de Bullyng
Essa história poderia ter outros rumos, uma vez que Ítalo chegou a
pensar em desistir da escola. Vítima de bullyng por sua orientação sexual,
chegou a sofrer agressões físicas e psicológicas dentro de
sala de aula. Contudo, resolveu reverter o papel de vítima para a de
empreendedor social. Criou, na época, uma organização não-governamental (ONG)
com amigos de diversas partes do mundo através do Facebook com o objetivo de
empoderar jovens brasileiros a combater as desigualdade de gênero por meio do
empreendedorismo social.
“A ONG não existe mais porque todos aqueles que trabalhavam comigo
ganharam bolsas para estudar fora. Mas a página no Facebook da React
& Change ainda existe e ajuda muitas pessoas hoje em dia”, explica
ele, que deixou o Brasil para estudar fora com a bolsa ganha a partir dessa
iniciativa. Nos Estados Unidos, se formou em Relações Internacionais e, logo
depois, começou a trabalhar. Atualmente é consultor de risco empresarial
em uma multinacional e é voluntário como Diretor de Pesquisa e Políticas
Públicas na AsylumConnect, uma organização juvenil que auxilia refugiados LGBT nos
Estados Unidos.
A história de vida do cearense sempre foi mola propulsora. Filha de uma
professora e um auxiliar de almoxarifado, Ítalo viu dentro de casa que a
educação era o caminho para transformações. “Minha mãe era auxiliar contábil e
resolveu fazer uma faculdade de Pedagogia com 28 anos. Eu vi todo o sacrifício
dela para se formar e para lutar pelo que ela queria”, relembra.
Vida política
Acostumado a participar de seleções rigorosas, ele confessa que a da
Schwarzman Scholars foi a mais difícil. “Eu cheguei ao programa através dos
anúnicos na internet. Comecei pela curiosidade para saber mais sobre o
programa. Até que eu entendi a importância disso para mim. Realmente eu me
dediquei bastante para passar. Primeiro, porque eu estudei durante quatro anos
sobre a China e vi a possibilidade de aplicar a teoria na prática. Segundo,
porque eu estaria num grupo de jovens inspiradores numa formação de líderes. E
terceiro porque eu sempre me interessei em programas de lideranças”, conta.
Com o anúncio da bolsa, ele agora se prepara para mais uma guinada na
vida. Em agosto, se muda para a China, onde ficará um ano lá. Na volta, planeja
o retorno ao Brasil. “Tenho dois planos. Em curto prazo, quero trabalhar com
empreendedorismo social aí em Fortaleza. A ideia é trabalhar com o público LGBT
e as empresas. Em longo prazo, quero entrar na vida política”.
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