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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Brasileira é morta por engano em Portugal

Lisboa/Amaporã. Uma brasileira identificada como Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, foi morta por engano com um tiro no pescoço pela polícia de Lisboa (Portugal), na madrugada de ontem. Foram efetuados mais de 40 disparos contra o carro em que ela estava com o namorado, também natural do Brasil. As informações são do jornal português "Correio da Manhã".

De acordo com o jornal local, o veículo de Ivanice, um Renault Mégane preto, não obedeceu à ordem de parar da polícia, que estava à procura de um Seat Leon da mesma cor usado por bandidos - com os quais os policiais haviam trocado tiros cerca de meia hora antes, num assalto a um caixa eletrônico. Os criminosos conseguiram fugir.
A polícia portuguesa afirma que o condutor do carro, o namorado de Ivanice, "tentou atropelar os policiais e, ato contínuo, estes foram obrigados a disparar". O automóvel ficou com mais de 20 marcas de tiros. E, no chão, foram recolhidas mais de 40 balas, o número total de disparos. O namorado da brasileira foi detido por dirigir sem carteira de habilitação, desobediência e condução perigosa. Ele e os agentes que participaram da ação prestaram depoimentos.
A polícia instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da tragédia.
A embaixada brasileira em Lisboa informou, por nota, que tomou conhecimento do caso e lamentou o ocorrido. A família da vítima já entrou em contato com o consulado-geral, que prestará o apoio cabível.
Tristeza
Com tom de tristeza na voz, a aposentada Maria Luiza Silva Carvalho da Costa, de 59 anos, mãe de Ivanice, disse só querer que lhe entreguem de volta a filha, para poder ser sepultada em Amaporã, cidade de 6 mil habitantes no noroeste do Paraná. Para a aposentada, é difícil acreditar no que aconteceu.
"A gente tem medo de a filha ser morta por um bandido, mas nunca espera que será atingida inocentemente pela polícia".
Ivanice foi morar em Portugal há 17 anos. Filha de trabalhadores rurais e com o ensino médio completo, ela não via grandes oportunidades em Amaporã. "Eles foram em cinco pessoas aqui da cidade. Junto dela viajaram uma tia, um primo e dois amigos. Minha filha logo arrumou emprego em novembro de 2000, em um estabelecimento comercial dentro do aeroporto de Lisboa. E lá estava trabalhando até acontecer esta tragédia", disse a mãe.
A paixão pelos animais, sobretudo pelos cachorros, também era uma de suas marcas registradas de Nissinha, como a paranaense era conhecida.
Memória
Tragédia lembra o assassinato de Jean Charles
No dia 22 de julho de 2005 -15 dias após os atentados que mataram 52 pessoas e um dia após a polícia ter evitado novo ataque- o eletricista mineiro Jean Charles de Menezes, de 27 anos, foi confundido com um terrorista por policiais que vigiavam seu prédio, em Londres.
Seguido até a estação de metrô de Stockwell, o brasileiro foi morto por dois agentes com oito tiros (sete na cabeça e um no ombro).
Quase um ano após o assassinato de Jean Charles, a Procuradoria-Geral britânica concluiu que os policiais que o mataram não seriam processados, alegando que não havia evidências suficientes para responsabilizar os oficiais que atiraram. Apenas a polícia como instituição foi processada.
Na época, a família do brasileiro ficou revoltada com a decisão. "Se os brasileiros vissem quanta desonestidade e pouca vergonha tem por aqui, iam achar o Brasil normal demais", disse Alex Pereira, primo de Jean.

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