A ampliação da vida útil do
Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (Asmoc) - projetado para operar com
segurança até o fim de 2016 e que há 17 anos recebe o lixo produzido em
Fortaleza - depende da redução do que é depositado lá. Hoje, 128,5 mil
toneladas de resíduos partem da Capital rumo ao Asmoc mensalmente, sendo 77,5
mil toneladas da coleta especial - lixo, poda e entulho - acumuladas em pontos.
Medidas aplicadas pela Prefeitura desde maio diminuíram em 38,7% o total de
resíduos desta coleta levados ao Aterro. Mas, ainda é grande o desafio de
reduzir os pontos de lixo das ruas.
Ao
lançar iniciativas de gestão de resíduos, em maio, como a Lei 10.340/2015 que
disciplina as obrigações dos grandes geradores de lixo, a Prefeitura projetou
que, tendo êxito, as ações são capazes de ampliar a vida útil do Asmoc por mais
seis anos e sete meses. Na época, em entrevista ao Diário do Nordeste, o
coordenador Especial de Limpeza Urbana da Secretaria de Conservação e Serviços
Públicos (SCPC), Albert Gradvohl, explicou que a meta era reduzir em 36% as
cinco toneladas de lixo descartadas por dia no Aterro.
Passados
quase sete meses, dados da Prefeitura apontam que de janeiro a maio, foram
lançados no Asmoc uma média de 95.992,81 toneladas/mês de resíduos dos pontos
de lixo espalhados nas ruas de Fortaleza. Entre junho e outubro - com a lei em
vigor - esse total passou para 59.154,17 toneladas/mês, uma redução de 38,7%.
No
mesmo período, a coleta particular, que deve ser executada pelo grandes
geradores, passou de 11.813,64 T/mês - antes da lei - para 16.534,52 T/mês, em
média, entre junho e outubro. Um crescimento de 39,9%. "Analisamos que as
empresas começaram a temer a legislação e começaram a cumprir. Muita gente de
restaurante e construtoras passou a fazer o descarte de forma correta. Eles
passaram a recolher os resíduos e mandarem para outros destinos finais que não
o Aterro", diz Gradvohl. Pacatuba e Itaitinga são os novos destinos desta
coleta particular.
Recolhimento
Criada
há mais de 10 anos, para recolher o que deveria ser a exceção - móveis,
entulhos, podas e lixo residencial, dentre outros, acumulado nos pontos de lixo
na rua - a Coleta Especial Urbana consome, anualmente, R$ 87 milhões do
Município. Esse tipo de recolhimento distingue-se da Domiciliar, que, hoje,
manda 51 mil toneladas de lixo para o Asmoc, por mês.
Nesse
contexto, a redução da Coleta Especial é uma das grandes apostas para o êxito
da durabilidade do Aterro. Mas, nas ruas, onde em muitos locais sobra sujeira,
é perceptível como essa redução ainda é desafiadora. "Tem lixo de todos os
tipos aí. Se passar todos os dias, tem gente jogando coisas nesse
canteiro", garante o proprietário de um restaurante, José Carlos dos
Santos, que reside e trabalha na Av. Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste). A
queixa é reiterada pela dona de casa, Aldeniza Barreto de Oliveira, moradora do
Pirambu. "Não é por falta de coleta que esse lixo acumula. É porque as
pessoas jogam muito. A caçamba passa e logo em seguida, já está cheio de novo.
É madeira, colchão, resto de construção. Tem de tudo", diz. São resíduos
de distintos tamanhos nos canteiros e na via, acumulando insetos e gerando mau
cheiro.
Fiscalização
No
local, moradores defendem que a limpeza é regular, pois, dizem eles, todos os
dias caminhões fazem a Coleta Especial, porém argumentam que falta fiscalização
da Prefeitura para inibir o descarte irregular.
Atualmente,
segundo a SCSP, Fortaleza tem 1.450 pontos de lixo. Antes da legislação
vigorar, conforme o coordenador Especial de Limpeza Urbana da SCPC, Albert
Gradvohl, esse número era de 1.800 pontos. A redução entre maio e dezembro,
chega a 19%. Porém, está longe do ideal projetado pela Prefeitura, que é de
voltar aos indicadores dos anos 1990 e diminuir 94% esse total de 1.800 pontos.
"Sabemos que diante da situação histórica de acúmulo de lixo na cidade,
essa redução dos pontos ainda é pouco", relata Gradvohl. A redução dos
pontos de lixo, atrelada à diminuição do total de resíduos da Coleta Especial
levados ao Asmoc, irão gerar economia de R$ 6 milhões no pagamento desse
serviço.
A Av.
Washington Soares é outra via destacada pelo Município como concentradora de
pontos de lixo. Já o Centro é o bairro com registros do tipo.
Para o
engenheiro civil e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária
- Seção Ceará, André Pinto, apesar de haver calendário regular de coleta, os
pontos de acúmulo persistem. "Acredito que, apesar da coleta e de outras
ações que vêm sendo tomadas, como a criação das ilhas ecológicas, é necessário
ainda realizar outras coisas para sanar os problemas. Ações que devem partir
não só do órgão público, mas da educação das pessoas e da iniciativa privada,
que também descarta lixo em locais irregulares", comenta.
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