Banco entra em atividade com
a meta de atender a 90% da procura por transplante de medula óssea
Após um processo de
validação que vinha desde 2010, o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e
Placentário do Ceará (BSCUP)entrou em atividade. A meta é que sejam coletados
até 30 cordões por mês. A capacidade de armazenamento é de 3,6 mil amostras,
podendo ser guardadas por 20 anos ou mais.
"Começamos a funcionar
há dez dias e já coletamos três amostras. Lembro que esse é um ato de doação
das gestantes e, com isso, pretendemos atender a 90% da demanda por
transplantes de medula óssea", explicou o coordenador do centro, Fernando
Barroso.
No Ceará, a princípio, as
mães que tiverem seus filhos na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) e
no Hospital Geral César Cals poderão doar as células tronco dos cordões
umbilicais de seus filhos para o Banco de Cordão, desde que tenham sido
acompanhadas durante todo o processo gestacional. Fora a parceria com a Meac e
o HGCC, deve fazer parte da rede o Hospital Distrital Nossa Senhora da
Conceição.
As mães precisam ter mais de
18 anos, não correr riscos, não ter doenças genéticas ou transmissíveis e a
gravidez deve ser acompanhada pelos médicos de uma das unidades. As bolsas de
células-tronco armazenadas poderão salvar a vida de pacientes no Brasil e no
mundo, já que a Rede BrasilCord faz parte da NetCord, que é a rede mundial de
doadores de medula óssea e de células do cordão umbilical.
Cerca de seis mil pessoas
entram, por ano, na fila de espera por transplante de medula no Brasil. Dessas,
1.200 passam pelo procedimento. Barroso informou que, agora, o Ceará necessita
ainda mais de infraestrutura física para o transplante de medula alogênico, ou
seja, aquele que se faz de uma pessoa para outra. Até o momento, o Estado não
faz esse tipo de cirurgia. "Portanto, não temos como mensurar quantas
pessoas aguardam por este tipo de cirurgia", disse.
No Ceará, apenas o
transplante autólogo é realizado, que é quando o paciente doa para ele mesmo.
Para este procedimento, existe uma fila de nove pessoas. "Equipe médica e
multidisciplinar capacitada nós já temos para realização do transplante
alogênico de medula óssea. Só falta local para realizar o procedimento. Com o
BSCUP e estrutura hospitalar, 70% destes casos, no Ceará, devem ter
resolutividade", diz Barroso. Hoje, os pacientes que necessitam deste
transplante são encaminhados para o Sudeste.
Funcionamento
O BSCUP foi inaugurado no
dia 8 de junho do ano de 2010. O banco funciona na sede do Centro de
Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). Atualmente, de acordo com
informações do Hemoce, o sistema já conta com quatro bancos instalados no Rio
de Janeiro, em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto.
Técnica
3,6 mil amostras de sangue
de cordões umbilicais é a capacidade máxima de armazenamento do banco. As
bolsas podem ser guardadas por 20 anos ou mais
Bebê morre à espera de
medula
A menina Luíza Ramos, de
apenas nove meses de vida, faleceu no último sábado (11), depois de lutar seis
meses contra a leucemia. A bebê se encontrava internada no Centro Pediátrico do
Câncer no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), no bairro Vila União, desde o
mês de fevereiro.
Apesar de ter sido submetida
a sessões de quimioterapia, Luíza dependia de um transplante de medula óssea
para sobreviver e nenhum de dois seus irmãos era compatível para a doação. A
família chegou a promover, no início de maio, uma campanha nas redes sociais
incentivando as pessoas para o cadastro de doadores de medula óssea. O tipo de
leucemia que Luíza portava era a mieloide aguda, muito comum em adultos.
Cerca de 25 % dos pacientes
com a patologia têm a possibilidade de encontrar doadores compatíveis entre os
próprios irmãos, segundo dados do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará
(Hemoce).
No caso de não ser
encontrado a compatibilidade entre membros da família, é procurado um doador
inscrito no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).
Doação
Para se cadastrar como
doador de medula, a pessoa deve ter entre 18 e 55 anos de idade, estar bem de
saúde, não ter tido câncer e nem comportamento de risco para Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs), além de apresentar documento de identidade e
comprovante de endereço.
No Estado, segundo a
assessoria de imprensa do Hemoce, há mais de 106 mil doadores de medula óssea
cadastrados. A chance de um transplante medular de doador desconhecido dar
certo é uma em 100 mil, por isso a necessidade de mais doadores.
Diante dessa realidade,
entre as vantagens do sangue do cordão umbilical, está o fato de o doador não
precisar ser 100% compatível com o receptor. Além disso, a rejeição também é
menor devido à imaturidade das células.
A coleta só poderá ser feita
após o parto, no momento em que a placenta ainda está dentro do útero.
THAYS LAVOR
REPÓRTER
Copilado do Diário do
Nordeste
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