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segunda-feira, 19 de março de 2018

Após deflação, energia subirá pelo menos 10%

Após registrar queda de 0,39% em 2017, o preço da energia para consumidores residenciais e comércio (baixa tensão), que representam cerca de 80% dos clientes da Enel no Estado, deverá aumentar neste ano. Os novos valores entrarão em vigor no dia 22 de abril, e os percentuais só deverão ser divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dias antes. Segundo estimativas da Aneel, o reajuste médio nas contas no País ficará acima de 10% neste ano. E em alguns casos, a alta deve superar a casa dos 20%.

As razões para esse aumento, muito acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) previsto para o ano (3,6%), são a falta de chuvas, que levou ao acionamento de usinas térmicas, mais caras que as hidrelétricas, os subsídios embutidos na conta de luz, que não param de crescer, e falhas de gestão. Além disso, o Banco Central projeta uma alta de 4,9% para os preços administrados (que inclui o preço da energia) em 2018.
De acordo com o presidente do Conselho de Consumidores da Coelce (Conerge), Erildo Pontes, as últimas bandeiras tarifárias determinadas pela Aneel não foram suficientes para cobrir os custos com a geração térmica, e a diferença acabará sendo pago pelo consumidor. "A estiagem tem pesado na conta de luz, e as últimas bandeiras tarifárias, para compensar a geração térmica, não foram suficientes para fechar a conta. E já está claro que vai pesar no bolso da gente", diz.
Semelhança
De acordo com Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel, os aumentos da conta de energia devem ter comportamento semelhante aos autorizados para os clientes fluminenses da Light e Enel Rio. Na semana passada, a Aneel autorizou um aumento tarifário médio de 10,36% nas tarifas da Light, que atende a cidade do Rio e outros 30 municípios do Estado. Na Enel Rio, que fornece energia para Niterói e outras 66 cidades fluminenses, a alta, em média, foi de 21,04%.
A diferença entre os índices autorizados para cidades tão próximas tem explicação. Na Light, houve reajuste ordinário, que é feito todos os anos. Já para a Enel Rio foi realizada a revisão tarifária, processo que é realizado de quatro em quatro anos para manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos Nas revisões, as empresas são reembolsadas por investimentos feitos na expansão da rede e na melhoria dos serviços.
Segundo Rufino, os consumidores, de forma geral, devem esperar comportamento semelhante ao verificado nos casos da Light e da Enel Rio. Os reajustes anuais devem ser da ordem de 10%. É o caso de empresas como Eletropaulo (São Paulo) e Copel (Paraná), por exemplo. Mas, para aqueles atendidos pelo grupo de empresas que vão passar por revisão tarifária, a alta deve ser de cerca de 20% - caso da Cemig (Minas), RGE Sul (Rio Grande do Sul) e Energisa (em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), entre outras.
Gestão
Diversos fatores explicam o aumento, mas há uma avaliação de que falhas cometidas na gestão do setor elétrico no passado têm causado impacto nas tarifas até hoje. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, lembra que principalmente nos últimos anos da gestão Dilma Rousseff foram realizados leilões para contratação de novas usinas e linhas em nível bem acima do necessário, por conta da recessão. Segundo ele, somente no ano passado o consumo de energia voltou aos patamares registrados em 2014.
"Perdemos três anos de crescimento por causa da recessão. Parte desses custos da tarifa hoje serve para pagar reforços nos sistemas de geração e transmissão que vieram para atender a um mercado que não se concretizou", afirmou Barroso.
O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, reconhece que o aumento tarifário desagrada à população, mas reafirma que o governo não adotará nenhuma medida intervencionista para maquiar os preços.

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