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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Ceará pode reaver empregos na fruticultura com chuvas

Com chuvas acima da média registrada nos últimos anos, para os meses de janeiro e fevereiro, e com o nível dos reservatórios ligeiramente superior ao de igual período do ano passado, a expectativa para alguns segmentos da agricultura no Estado, como o da fruticultura, é de crescimento da área plantada, da produção e, consequentemente, da oferta de empregos gerados pelo setor. No entanto, com apenas 7,4% da capacidade dos reservatórios cearenses - em fevereiro de 2017 o nível estava em 6,5% -, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Rodrigo Diógenes Pinheiro, diz que ainda é cedo para traçar alguma projeção para o ano. "Mas certamente teremos um acréscimo na produção em relação ao ano passado", afirma.

De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado mensalmente pelo IBGE, a produção esperada de frutas no Estado é de 866,1 mil toneladas, o que representa um crescimento de 8,64% em relação à safra obtida em 2017 (792,2 mil toneladas). "Com essa condição climática, com melhor regularização das chuvas no Ceará, a nossa expectativa é de aumento tanto na produção como na área plantada de grãos e frutas", diz Diógenes Pinheiro.
Agricultura irrigada
Com forte dependência da água dos reservatórios, empresas do segmento da fruticultura irrigada, que nos últimos anos acabou levando parte da produção para outros estados devido à escassez hídrica no Ceará, deve voltar a produzir no Estado se o volume de chuvas seguir no ritmo atual, o que deve repercutir diretamente na geração de empregos. Estima-se que o setor gere, em média, pouco mais de um emprego por hectare. "Se o setor voltar a produzir 2 mil hectares, vamos gerar entre 2 mil e 3 mil empregos", diz Luiz Roberto Barcelos, sócio e diretor de produção da Agrícola Famosa, uma das maiores produtoras de melões e melancias do mundo.
"A gente ainda está aguardando a reposição dos reservatórios neste ano, mas o que a gente está vendo é que até este momento já choveu nas nossas áreas de produção a média dos últimos seis anos, em torno de 450 mm. Então a gente está com uma boa perspectiva de reposição dos aquíferos", diz Barcelos. Ao todo, a área a ser colhida pela fruticultura irrigada deverá chegar a 65,7 mil hectares, o que representa um acréscimo de 1,26% em relação à área efetivamente colhida em 2017 (64,8 mil hectares), de acordo com o LSPA.
Segundo Barcelos, o setor deve aguardar até maio para, dependendo da reposição do açude Castanhão (hoje com apenas 2,15% da capacidade) e dos aquíferos profundos, decidir se irá voltar a produzir no Estado. "Frutas como melão, melancia e mamão devem aumentar a produção. O que nós vemos é uma boa animação por parte dos produtores", afirma Rodrigo Diógenes Pinheiro.
Pinheiro diz ainda que a produção de caju, uma das frutas com maior potencial econômico do Estado, também deve ter aumento da área plantada devido às chuvas. De acordo com o LSPA, a estimativa de produção de castanha-de-caju (total) para este ano é de 68,8 mil toneladas, sendo 61,53% maior que a previsão realizada em janeiro de 2017 (42,5 mil toneladas).
Plano de desenvolvimento
Hoje, o ministro da Agricultura Blairo Maggi lança o Plano Nacional de Desenvolvimento da Fruticultura (PNDF). Barcelos, que foi à Brasília acompanhar a apresentação oficial do Plano, avalia que a proposta do PNDF é "criar para o setor as condições das quais ele precisa para se desenvolver de forma sustentável, aumentando a produção e, por consequência, as exportações".
"O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, mas é apenas o 23º exportador. Portanto, tem aí uma oportunidade muito grande de a gente incrementar essas exportações. Esse plano vem para isso; para cuidar da logística, do seguro e de toda a cadeia para que o setor possa estar motivado e incentivado a fazer sua produção e exportação", destaca Luiz Roberto Barcellos, que também está à frente da Abrafrutas.
Incentivo
Para incentivar os produtores a exportar, Luiz Roberto Barcelos destaca que é preciso "tirar as barreiras, fazendo com que o governo atrapalhe o mínimo possível a iniciativa privada". Ele usa, como exemplo a ser seguido, o Peru. "É um país pequeno e que tem quase sua totalidade entre montanhas e deserto, como é o semiárido brasileiro, e hoje eles exportam praticamente quatro vezes mais que o Brasil, então a gente quer poder registrar os defensivos de forma mais ágil, registrar novos cultivários", diz, citando ainda a questão da logística, que também deve ser trabalhada ao longo do Programa.
Outro fator importante para incentivar os produtores é o tributo, que, de acordo com ele, já é "bastante reduzido", mas corre o risco de voltar a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "Seria muito ruim (se voltasse a cobrança), porque tira a competitividade, então é, pelo menos, manter a isenção como temos hoje", avalia ainda Luiz Roberto Barcelos.

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