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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Entre acertos e controvérsias, Funceme completa 45 anos

As condições climáticas sempre foram para o cearense alvo de curiosidade. Saber se vai chover ou não é de interesse do homem do campo e da cidade. Por meio das previsões de precipitações, alagamentos podem ser evitados e o plantio de feijão ou milho pode ser melhor aproveitado. Em meio a um número reduzido de funcionários e problemas em equipamentos de monitoramento, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) chega aos 45 anos de existência realizando pesquisas e atuando na segurança hídrica com demais órgãos do Estado.

A supervisora do Núcleo de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, atua na instituição desde antes do primeiro concurso público realizado em 1992. A profissional diz admirar a vontade do cearense em buscar informações sobre o tempo, algo pouco visto em outros Estados. "É admirável perceber que a população tem a previsão como hábito vital. Como eles se ligam a essa questão. Se eu falar de El Niño no interior as pessoas vão entender de alguma forma esse fenômeno, do agricultor ao universitário", explica.
Mesmo com um corpo de servidores e colaboradores formado por 170 pessoas, a Funceme conta com uma rede voluntária de observadores. As informações que o órgão do tempo estadual divulga das chuvas diariamente são coletados por 550 voluntários em pluviômetros convencionais que são monitorados por pessoas da sociedade civil, como agricultores e professores.
Sobre as brincadeiras com erros e acertos de previsões, Meiry diz que leva com bom humor. "Eu diria que a escolha de profissão de meteorologista já implica em uma vida passando por risadas. No mundo inteiro acontece isso com os profissionais. Esse fato acontece pelo próprio desconhecimento de como é difícil fazer esses levantamentos. Nós procuramos entender a natureza em todas as instâncias. Existe uma incerteza na previsão. Nós tentamos nos aproximar da exatidão", explica.
Tecnologia
Para se ter dimensão no trabalho do órgão, até chuvas os meteorologistas já produziram. O trabalho de nucleação começou em 1972. A Funceme criou um programa de chuva artificial, com o bombardeamento por aviões, para tentar refrescar o Semiárido nordestino. Como não houve nenhum aumento significativo nas precipitações, o projeto foi encerrado em 2000.
Na época, o programa se resumia em pouco mais de 300 horas de voo. Também conhecida como pulverização ou semeadura de nuvens, essa técnica consiste em lançar no céu alguma substância que facilite a formação de gotas de chuva.
O componente mais usado é o cloreto de sódio, o popular sal de cozinha. Em contato com o vapor d'água da nuvem, as partículas de sal atraem minúsculas gotinhas, iniciando a criação dos pingos de chuva.
A Funceme ainda possui o Núcleo de Tecnologia da Informação e Comunicação (Nutic). A divisão já realizou importantes mecanismos de estudos como a implementação de sistemas para a área administrativa; desenvolvimento e manutenção do site da Funceme e do Portal Hidrológico com todos os produtos e serviços atualizados.
Radares
A rede cearense de radares mantida pela Funceme é composta por dois equipamentos localizados em Fortaleza e Quixeramobim, que monitoram a precipitação, em tempo real, com área de alcance de 120 km e 400 km, respectivamente.
Contudo, segundo o supervisor da unidade de Tempo e Clima, Raul Fritz, o radar da Capital que possui tecnologia Banda X instalado no Campus do Itaperi, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), está danificado.
"Ainda estamos precisamos de mais gente. Meteorologia é para funcionar 24 horas por dia. Ainda não temos um sistema de plantão noturno. É muito comum em Fortaleza, por exemplo, as nuvens de chuvas se formarem pela madrugada. Esse tipo de precipitação precisa de um acompanhamento e não temos pessoal para isso. Os alertas para Defesa Civil seriam mais eficientes", lamenta Fritz.
Já o radar de Quixeramobim, inaugurado em 3 de novembro de 2011, com tecnologia Banda S, está posicionado no topo da Serrinha de Santa Maria, sendo capaz de monitorar precipitações em todo o Ceará e parte dos estados vizinhos. "O equipamento de Fortaleza tem sérios problemas técnicos e precisa ter peças repostas", explica o supervisor.
Manutenção
Segundo a direção da Fundação Cearense de Meteorologia, na última semana de setembro deste ano, técnicos especializados iniciarão a manutenção do radar localizado em Fortaleza para que o mesmo volte a funcionar normalmente. "Espera-se que a instituição possa vir a dispor de informações de chuva mais precisas mantendo-se a operação da Rede Cearense de Radares, com a aquisição de um novo radar meteorológico de banda X para substituir o equipamento atual, para a Região Metropolitana de Fortaleza. A aquisição de novos sistemas de recepção de satélites geoestacionários e de órbita polar também deve ser considerada para a melhoria do monitoramento e previsão no Ceará", diz Meiry Sakamoto.

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